Precisas de energia? Esta tira dissolve-se na boca e liberta cafeína

Investigadores do Porto criaram um produto energético baseado numa película fina que, quando colocada na boca, se dissolve e liberta cafeína gradualmente. Projecto OraLeaf venceu o concurso Biotech da U. Católica e está à procura de investimento

A OraLeaf liberta cafeína de forma gradual  OraLeaf
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A OraLeaf liberta cafeína de forma gradual OraLeaf
Pedro e a sua equipa venceram o concurso Biotech na categoria Mais Potencial  OraLeaf
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Pedro e a sua equipa venceram o concurso Biotech na categoria Mais Potencial OraLeaf

Chama-se Pedro Castro, tem 28 anos e é um dos criadores do OraLeaf, um dos projectos vencedores do concurso de inovação agro-alimentar Biotech lançado pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, no Porto. O resultado foi um novo produto energético que tem por base filmes orais (tiras muito finas) que se dissolvem em contacto com a saliva. Ao libertarem cafeína de forma controlada, permitem aos consumidores um melhor rendimento ao longo do dia, durante mais tempo.

"O projecto chama-se OraLeaf porque os filmes orais são isso mesmo: uma folha muito fina para colocar na boca e que se desintegra em poucos segundos”, revela Pedro ao P3, em alusão à palavra inglesa leaf, que significa folha em português. Estas pequenas partículas vão sendo dissolvidas gradualmente, libertando aos poucos cafeína, que é absorvida pelo corpo.

A ideia surgiu na cabeça de Pedro durante a sua licenciatura em Farmácia. "Eu precisava muito de beber café para manter o meu ritmo de estudo", admite o jovem. "E o meu grupo de investigação dessa altura estava a trabalhar em sistemas de libertação controlados que permitem que uma dada molécula, como é o caso da cafeína, seja libertada da forma como nós queremos e não da forma convencional."

Qual é a vantagem? Quando tomamos café, explica Pedro, a cafeína ingerida é "absorvida rapidamente", o que vai levar a "que as pessoas se sintam nervosas, stressadas, com problemas gastrointestinais, com tremores, etc.". No âmbito do seu doutoramento em Biotecnologia, decidiu, então, melhorar este processo, concretizando o projecto que tinha idealizado na licenciatura.

Inserido no centro de investigação da ESB, Pedro pôs mãos à obra, em conjunto com as investigadoras Patrícia Baptista e Ana Raquel Madureira e com os professores Manuela Pintado e Bruno Sarmento, do i3S. "O nosso objectivo era exactamente pegar na cafeína e torná-la mais inteligente, ou seja, libertá-la devagarinho de forma a ter rendimento máximo ao longo do dia." 

O investigador espera agora conseguir "levar o projecto para a frente", embora esteja dependente de investimento, o que pode não ser fácil — é que, diz, os produtos energéticos já "têm muita concorrência", e de peso, como é o caso da RedBull ou da Monster. "A uma escala laboratorial é relativamente fácil de desenvolver e optimizar. Para se pôr em prática, é preciso um investimento grande."

  

Além de ter conquistado o prémio na categoria Mais Potencial na segunda edição do Biotech, o grupo também recebeu dois mil euros. Na categoria Mais Inovação venceu o projecto Aquaval, que, informa o concurso em comunicado, "pretende integrar reactores de biomassa granular compactos e tanques de produção de bivalves no tratamento de água". 

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