Inês Caleiro até podia ser uma jovem com um percurso comum. Tirava a licenciatura em Design no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE) e esperava, em casa, que uma proposta satisfatória de emprego lhe chegasse à caixa de correio electrónica. Só que Inês, agora com 27 anos, não se contenta com o comum.
Enquanto fazia a licenciatura naquela instituição de Ensino Superior, decidiu inscrever-se num curso de joalheria, em "part-time", e, assim que terminou a licenciatura, aventurou-se numa pós-graduação em Design de Moda, em Londres, na London College of Fashion, corria o ano de 2006. Quatro anos mais tarde, depois de um estágio na Jimmy Choo, Inês lançou a Guava, a sua própria marca de calçado.
Londres abriu-lhe portas. A estudar na vertente de acessórios de moda, Inês sempre foi incentivada pela professora da disciplina de calçado – que era também a directora de curso – a desenvolver um projecto sério naquela área específica. Concordou e com esse trabalho foi eleita a melhor aluna do curso entre cerca de 300 alunos.
Da Jimmy Choo à Guava
À distinção seguiu-se um convite da Jimmy Choo, famosa marca “lifestyle” de luxo sediada em Londres. Inês aceitou o estágio não-remunerado durante seis meses. Findado o período surgiu novo convite para prolongação do estágio nas mesmas circunstâncias, proposta que a jovem declinou. Queria mais.
Três anos mais tarde foi para Washington D.C. (EUA), ao abrigo do programa INOV Contacto. Trabalhou seis meses na área do mobiliário de luxo e, em casa, quase secretamente, ia fazendo esboços de sapatos. Quando se apercebeu, “já tinha uma colecção inteira”. Decidiu então procurar quem a quisesse produzir.
Tudo surgiu “muito por acaso”, conta Inês ao P3. “Comecei a fazer contactos ainda nos Estados Unidos e quando cheguei [a Portugal] apresentei o trabalho a várias fábricas”. Em São João da Madeira, a Petasil quis imediatamente tornar reais os desenhos de Inês. E assim nasceu a Guava – nome inspirado na fruta favorita, a goiaba –, tendo sido lançada a primeira colecção, a de Outono/Inverno, em 2011.
Por colecção são produzidos entre 10 a 15 modelos, num total de 600 pares. O par mais barato custa 120 euros e o mais caro pode ser adquirido por 250 euros em alguns pontos do país ou online, no site oficial da Guava.
Depois de investir cerca de 15 mil euros começou a exportar para Espanha e Holanda, sendo que actualmente já exporta cerca de 70% do total da produção. Nos próximos tempos, o objectivo é solidificar a marca calçando o Japão, o Brasil e os Estados Unidos. Dentro de dois ou três anos prevê abrir a própria loja.