Os estudantes do ensino superior estão contra o aumento da propina máxima, uma proposta do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).
As associações académicas alertam para o preço elevado que a frequência das universidades já implica para as famílias e para as consequências que um agravamento desse valor podia implicar.
Os alunos têm ainda dúvidas sobre o funcionamento do fundo social que as instituições vão criar com os 30 euros a mais que cobrarão no próximo ano. “Os orçamentos das famílias já estão suficientemente esticados”, alerta o presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM), Hélder Castro.
Por isso, o dirigente estudantil encara “com alguma resistência” a proposta do CRUP para um aumento da propina máxima em 30 euros no próximo ano. “Disse sempre que um aumento das propinas não seria bem visto e a minha posição mantém-se, apesar da nuance da criação do fundo de apoio que agora é proposta”, sublinha o presidente da academia do Minho.
Também o presidente da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUA), Tiago Alves, duvida da capacidade das famílias conseguirem fazer face a este aumento. “Numa altura de crise, haver um aumento de propinas é complicado e isso assusta-nos”, confessa.
O dirigente aveirense considera que, actualmente, os estudantes vão para o ensino superior “sem garantias de apoio social”, o que pode dificultar o acesso dos filhos de famílias mais carenciadas às universidades e politécnicos.
Como vai funcionar o fundo?
Ainda que a verba extra cobrada com o aumento das propinas possa ajudar a manter alguns estudantes no ensino superior, Tiago Alves diz que é preciso perceber como o fundo vai funcionar. O presidente da Federação Académica do Porto, Luís Rebelo tem as mesmas dúvidas: “Os fundos que já existem não são um auxílio.
Os estudantes têm de reembolsar as instituições.” Por isso, quer saber “quais os critérios” do novo mecanismo de auxílio proposto pelo CRUP. “É preciso saber se vai ou não abranger mais estudantes, caso contrário poderá acentuar as famílias que ficam ligeiramente acima do limiar de acesso aos apoios da acção social”, diz Luís Rebelo.
Se as regras não foram revistas, tendo em conta o que já sucedeu com as bolsas de estudo, há estudantes que ficam na margem dos critérios definidos que podem passar a viver “uma situação muito crítica”.
“Passariam a pagar mais, sem ter nada em troca”, alerta o presidente da FAP. Os três dirigentes são também unânimes em avaliar a proposta do CRUP como um reconhecimento da forma como o Estado tem falhado na acção social.
“Os reitores reconhecem assim que apoios sociais não chegam para responder às necessidades dos estudantes”, diz Hélder Castro, da AAUM. “Estão a ir ao encontro das nossa reivindicações”, sublinha o presidente da AAUA. O PÚBLICO procurou ouvir os dirigentes das academias de Lisboa e Coimbra, mas sem sucesso.