Juliana Rocha, mulher, pugilista e quase criminologista
É pugilista de alta competição, estuda Criminologia na UP e quer entrar na PJ. Pertence ainda à JSD, a um grupo de teatro e aos Jovens Sem Fronteiras. Juliana Rocha é tetra-campeã nacional de boxe e não se sente tratada de forma diferente por ser mulher
Juliana Rocha, 20 anos, é a menina prodígio do boxe português e não se sente "minimamente arrependida", muito menos discriminada, por ter entrado num mundo que é dominado pelo sexo masculino.
"Hoje em dia, e nomeadamente no FC Porto, somos vistos todos da mesma forma. Não há mais cuidados com determinada pessoa", afirma em entrevista ao JPN, sublinhando a importância "da disciplina e de ser igual a toda a gente", já que isso lhe dá mais à vontade na modalidade e no clube. Caso contrário, admite, "não faria sentido estar no boxe".
Trata-se de um desporto predominantemente praticado por homens e, por isso mesmo, Juliana Rocha diz que "é bom ser mulher e praticar boxe". As pessoas com quem se cruza mostram-se admiradas pelo facto de Juliana ser pugilista. Mas a verdade é que há cada vez mais mulheres a enveredar por este caminho.
Mesmo que não tenham pretensões em termos competitivos, acaba por ser uma grande ajuda no capítulo da manutenção da forma física. "Agora o boxe e as outras modalidades de combate são vistas também como forma de perder peso e emagrecer", explica. "Já desapareceu a ideia antiga de que o boxe se resume à violência no ringue".
A sua paixão pela modalidade é tão grande que até já contagiou algumas amigas da faculdade, "muito curiosas" com o fenómeno. Tanto que a jovem de Fiães, concelho de Santa Maria da Feira, já se assume, em tom de brincadeira, como "a personal trainer" das colegas.
Rumo a Londres
Foi o pai, grande adepto dos desportos de combate, que incutiu o gosto por estes desportos na jovem pugilista. Juliana Rocha começou aos cincos anos e, até aos 14, passou pelo karaté e kickboxing. Só depois entrou no boxe e, ao fim de seis anos, conseguiu quatro títulos nacionais consecutivos.
São já muitas conquistas, mas mesmo assim Juliana Rocha não acredita na facilidade da sua missão. "Não é fácil, envolve sempre muito trabalho e dedicação", reconhece. Actualmente, treina duas vezes por dia, já que persegue o seu principal objectivo, no qual deposita grande esperança: a participação nos Jogos Olímpicos de Londres do próximo Verão.
Para lá chegar, a atleta terá de estar entre as sete primeiras classificadas nos mundiais da China, lá para o final do mês de Maio.
"A minha vida é como uma pizza"
Além de pugilista, Juliana Rocha tem outras ocupações. Pertence à Juventude Social-Democrata, a um grupo de teatro e também aos Jovens Sem Fronteiras, uma actividade que apela ao seu lado mais solidário. "É algo de que gosto muito, aqui posso dar muito de mim", afirma com orgulho e de sorriso na cara.
Juliana frequenta a Faculdade de Direito da Universidade do Porto, está no segundo ano de Criminologia e, no futuro, tenciona integrar a Polícia Judiciária, dado o seu gosto por questões criminais.
Entre todas estas ocupações ainda consegue ter tempo para se dedicar à faculdade e à sua vida pessoal. Como? "É preciso querer e gostar, acima de tudo. Costumo dizer que a minha vida é como uma pizza em que preciso de todas estas actividades para que esteja equilibrada e, quando uma destas fatias está mais fragilizada, sinto-me afectada".