Marion pediu dois mil euros a desconhecidos para estudar lémures em Madagáscar

É para Madagáscar que a bióloga de 24 anos quer viajar para participar num projecto de conservação da espécie. A dias do fim da angariação já conseguiu 90% do valor mínimo. Faltam-lhe 200 euros

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A 24 de Dezembro de 2011, Marion Carreira lançou um pedido inédito na plataforma de "crowdfunding" PPL: precisava de dois mil euros para conseguir acompanhar o grupo de Genética de Populações e da Conservação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) a Madagáscar, para se poder dedicar ao estudo dos lémures.

Fez um vídeo de apresentação em que explica o porquê do interesse na expedição científica, para acompanhar a sua candidatura a financiamento, e criou uma página no Facebook, de modo a divulgar ao máximo o projecto. Até agora está tudo a correr melhor do que Marion esperava.

O prazo para a angariação do valor termina a 20 de Março e esta jovem bióloga já conseguiu obter “90% do limite mínimo viável para ir a Madagáscar com a equipa”. Através do "crowdfunding", qualquer pessoa pode doar dinheiro para um projecto, sendo que o valor mínimo na plataforma escolhida, a PPL, é de cinco euros.

A distribuição geográfica dos lémures

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Marion Carreira quer estudar a distribuição geográfica das diferentes espécies de lémures na região

A ideia desta bióloga de 24 anos é acompanhar o estudo das várias espécies de lémures que vivem naquele país africano e contribuir para a conservação dos animais. “Madagáscar tem sofrido drásticas mudanças ambientais e os lémures são muito sensíveis a isso”, justifica.

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Várias espécies de lémures vivem em Madagáscar thowra_uk/Flick

Mais concretamente, o que Marion quer fazer é estudar a distribuição geográfica e tentar estimar o número de indivíduos das diferentes espécies na região, para aumentar o conhecimento e a informação sobre eles. A partida está agendada para finais de Abril e a estadia em Madagáscar prolongar-se-á até Setembro.

É claro que também vai querer tirar muitas fotografias a estes macacos – e algumas dessas imagens vão fazer parte das recompensas a atribuir a cada um dos mecenas do projecto. Isto porque, em qualquer iniciativa submetida a "crowdfunding", os proponentes têm de criar uma espécie de lista de prémios a atribuir àqueles que contribuem.

As recompensas são simbólicas – desde relatórios da viagem à inclusão do nome em "t-shirts" que vão ser oferecidas a estudantes da ilha – e Marion faz questão de agradecer individualmente a cada pessoa que acreditou no seu projecto. Até porque esta é a primeira vez, diz, que se escolhe este tipo de angariação para financiar investigação científica em Portugal.

Pedir dinheiro e uma oportunidade

A Marion Carreira, a viver em Mafra, aconteceu o mesmo que a muitos jovens: em entrevista para obter uma bolsa científica, perdeu para uma colega com mais experiência. Não desistiu perante a resposta negativa e decidiu, com o apoio de Maria João Leão, responsável pela angariação de verbas do IGC, explorar alternativas.

Com um mestrado em Biologia da Conservação pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Marion apenas conseguiu um "part-time" numa quinta pedagógica, onde realiza visitas guiadas para crianças entre os três e os 11 anos. “Tento ensinar aos mais novos a importância de preservar os recursos do planeta e da agricultura biológica”, refere.

Depois de ter defendido a dissertação sobre o lobo ibérico, em Dezembro de 2010, dedica-se, neste momento, a pedir uma oportunidade para tentar ter um início de carreira e conseguir a experiência que vai fazendo a diferença nas entrevistas de emprego.

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