Advogada de Orlando Figueira pede acareação com banqueiro angolano

Carlos Silva começou a ser interrogado em tribunal esta segunda-feira: "Há coisas que machucam um bocado".

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O banqueiro angolano Carlos Silva começou esta segunda-feira a ser ouvido em tribunal nuno ferreira santos

A advogada do arguido da Operação Fizz Orlando Figueira pediu uma acareação entre o banqueiro angolano Carlos Silva, que começou a ser interrogado esta segunda-feira à tarde em tribunal na qualidade de testemunha, e o ex-procurador. A advogada quer ainda que a acareação inclua um segundo arguido, o advogado Paulo Blanco.

Em causa está perceber quem prometeu emprego a Orlando Figueira no sector privado em 2011, quando este ainda era procurador no Departamento Central de Investigação e Acção Penal e tinha a seu cargo processos relacionados com a criminalidade económico-financeira, parte dos quais envolvendo interesses angolanos.

Segundo a acusação do Ministério Público, o magistrado passou para o sector privado como forma de pagamento por ter arquivado um processo em que o então futuro vice-presidente de Angola Manuel Vicente era suspeito de branqueamento de capitais. Nesta versão dos factos, terá sido Manuel Vicente a prometer-lhe emprego em Luanda, e antes disso a fazê-lo entrar no Banco Comercial Português. Porém, Orlando Figueira garante que quem o convidou para ir trabalhar para Luanda foi o presidente do Banco Privado Atlântico de Angola, Carlos Silva, que é também vice-presidente do BCP. E Paulo Blanco corrobora-o. Foi também isto que na altura o magistrado contou ao seu amigo e juiz Carlos Alexandre.

Esta segunda-feira em tribunal o banqueiro voltou a negar ter prometido emprego a Orlando Figueira, como de resto já tinha assegurado na fase de inquérito deste processo. Admitiu, porém, que o advogado Paulo Blanco lho pediu insistentemente. E mostrou-se agastado com o papel que os dois arguidos lhe atribuem neste processo, e que passa pela alegada exigência da sua parte de abertura de uma conta offshore em Andorra, para fugir aos impostos sobre os salários pagos a Orlando Figueira. 

"Há coisas que machucam um bocado", disse Carlos Silva, numa alusão aos relatos que dão conta de se ter encontrado com os hoje suspeitos num hotel de Luanda vestindo calções e sapatos de vela. Um traje que garante que nunca usaria naquelas circunstâncias. 

Os juízes ainda não decidiram se vão aceder ao pedido de acareação. Tudo depende de como correr o resto do interrogatório a Carlos Silva, que tem novas sessões marcadas para terça, quarta e quinta-feira no Campus da Justiça, em Lisboa.

A ter lugar, não será a primeira acareação deste julgamento. Tanto a ex-directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal Cândida Almeida como o advogado Proença de Carvalho, que teve alguns encontros com Orlando Figueira, também já foram  submetidos a acareações neste julgamento por os seus depoimentos contrariarem os dos arguidos. 

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