Bordalo II vai inaugurar a sua primeira grande exposição a solo em Portugal, no próximo dia 4 de Novembro, onde apresentará uma mostra descrita como uma retrospectiva do trabalho desenvolvido até agora.
A exposição intitulada Attero, com curadoria de Lara Seixo Rodrigues e patente até 26 de Novembro num armazém na zona do Beato, em Lisboa, encontra-se propositadamente fora do circuito de galerias e museus, transportando o público para o atelier de Bordalo II e assumindo-se como uma "extensão do posicionamento do artista ao longo da sua carreira (...) fomentando uma descentralização da actividade artística em Lisboa", sublinha o comunicado enviado à agência Lusa.
A exibição, cujo título se refere ao termo latino para "desperdiçar", reúne criações produzidas a partir de lixo — moldado "pela mão e visão" do autor "em algo maior" — na qual irão figurar peças de diversos tamanhos da série Big Trash Animals, com a finalidade de levar os visitantes a reflectir quanto ao seu papel dentro de uma sociedade consumista, que trata "de forma abusiva os recursos que a Natureza (...) dá." Para complementar a exposição, Bordallo II organizou, ainda, outros eventos que irão incluir a produção, em várias zonas da cidade, de peças da mesma série visível no seu atelier, uma visita guiada à mostra pelo próprio artista, acompanhado da curadora, e de convidados de múltiplas áreas, e a projecção do documentário Bordalo II - A Life of Waste, com direito à presença dos realizadores Trevor Whelan e Rua Meegan.
Durante três semanas, a partir da inauguração ao público da exposição com entrada livre, será também possível participar em oficinas e assistir a conversas com o artista de nome Artur Bordalo, numa extensão da exibição central que contará com visitas guiadas destinadas a sensibilizar alunos de escolas primárias e secundárias para os riscos ambientais de grandes desperdícios.
Natural de Lisboa, o artista escolheu o nome artístico Bordalo II para prestar tributo ao avô, o pintor Real Bordalo, e após uma passagem pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, que o levou a descobrir a escultura e a experimentar com vários materiais, focou-se em utilizar o lixo como matéria-prima da sua arte — o "veículo de um manifesto universal" — realça a breve biografia do artista, no mesmo comunicado.