Como seis estudantes querem revolucionar a pia da cozinha dos millennials

A pia Piavo tem um sistema de limpeza “rápido”, “eficaz” e “preciso” que funciona através de tecnologia de ultrassons. Ainda é só um protótipo, mas a Silampos “tem interesse em avançar com o projecto”. O lema? "Cozinha mais, stressa menos"

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Porto Design Factory

Joel Costa e Sara Trindade são jovens e odeiam lavar a louça depois de cozinhar. Como eles, o engenheiro informático e a designer de equipamentos encontraram muitos outros millennials, geração nascida entre os anos 80 e 90, que se queixavam da mesma dor – e que garantiam que até cozinhariam mais, não fosse o tempo que depois perdem a limpar.

Esta descoberta — a necessidade de algo que ajudasse no processo de cozinhar — foi o ponto de partida para os nove meses do ME310 Stanford, a pós-graduação em Inovação de Produto na Porto Design Factory, onde três alunos portugueses e três polacos da Universidade Tecnológica de Varsóvia trabalharam com a Silampos, empresa portuguesa de louça inox e de artigos de cozinha. A equipa internacional debruçou-se sobre a pia da cozinha, uns no Porto, outros na capital polaca (com alguns encontros pelo caminho) e durante os nove meses do curso repensou a banca para as casas dos jovens urbanos, normalmente mais pequenas e ecológicas.

Conceberam assim a pia Piavo, com “um sistema de limpeza rápido, eficaz e preciso que funciona através de tecnologia de ultrassons e jactos de água”, explica Sara. A inovação é apresentada como “uma escolha mais sustentável e rápida em relação aos dispositivos actuais”, bem como “mais conveniente e versátil”, já que oferece a possibilidade de “realizar múltiplos passos do processo de cozinhar num só local”, acrescenta.

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A equipa internacional do ME310 constituída por alunos do Porto e de Varsóvia DR/ Porto Design Factory

Para lavar quatro pratos, três copos e dez talheres o sistema demora entre seis e 12 minutos. A ideia é “pô-lo a lavar uma, duas, três vezes enquanto cozinhas”, exemplifica Joel, sem ser preciso grandes preocupações a nível do consumo de detergente e de energia – a Piavo gasta “entre 300 a 600 quilowatts por hora”, dependendo do tipo de sujidade e da temperatura da água, contra “cerca de 2000 quilowatts por hora da máquina de lavar”, afiança Joel.

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Piavo deixa tudo em pratos limpos em 6 a 12 minutos - com menos detergente e energia DR/ Porto Design Factory

O engenheiro diz que começaram por desenhar modelos “gigantes” e que ao longo dos meses foram diminuindo para protótipos mais pequenos e compactos, pensados em “contexto de urbanização para casas pequenas e com pouca louça”. Mas o sistema, que pode ser incorporado em bancas de cozinha pré-existentes, pode ser expandido e mesmo assim “manter um consumo energético muito baixo”.

Como funciona o sistema que lava louça em 12 minutos

Mas como é que funciona?

Quem olha para o protótipo da Piavo, que em Junho viajou com os alunos até à Universidade de Stanford, na Califórnia, vê o que aparenta ser uma banca da cozinha com um pequeno ecrã táctil e um organizador rectangular de lado. É neste organizador que o utilizador coloca a louça suja. Quando fica cheio, a cesta baixa, a água submerge a louça e é aí que os ultrassons começam a funcionar. “É como se fosse uma pessoa a bater num tambor”, explica Sara, “cria vibrações e essas vibrações criam bolhas de vácuo que vão retirar a sujidade da superfície e vão dissipá-las na água”.

Se depois disto ainda restarem resíduos, são eliminados com jactos de água quente. “Após seis, no máximo 12 minutos, consoante a sujidade e o tipo de nódoa, a cesta eleva-se e a pessoa pode usar novamente”, conclui a designer.

O futuro da Piavo

Os estudantes gostavam de ver a invenção em todas as casas do futuro e o director de inovação da Porto Design Factory (PDF), Moises Neves, diz que a Silampos “tem interesse em avançar com o projecto”, só não se sabe “qual vai ser o aspecto e qual vai ser a funcionalidade da pia Piavo no final de todo o processo de desenvolvimento”.

O que os alunos apresentaram à empresa foi uma “prova de conceito”, clarifica. “Encontraram uma lacuna no mercado, viram que existe um potencial em desenvolver o espaço que a pia ocupa e desenvolver um produto que não foi feito nos últimos cem anos – uma pia continua a ser uma bacia com um ralo e uma torneira em cima”.

Desta apresentação até vermos a Piavo no mercado há “ainda muito trabalho a fazer”, mas Moises diz que “a PDF está cá para suportar a Silampos e ajudá-la na próxima fase”, já que o dispositivo de lavagem não se enquadra no negócio principal da empresa.

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