Ninguém sai de Barcelos a conhecer as mesmas bandas que conhecia antes do festival começar. Na 10.ª edição do Milhões de Festa, de 20 a 23 de Julho, não será diferente. São mais de 60 actuações de bandas e DJ distribuídas pelos habituais palcos: Piscina, Taina, Palco Milhões e Palco Lovers. Cada um terá as suas preferências e motivos diferentes para rumar à cidade minhota. Além de bandas como Graveyard, Pop Dell’Arte, Riding Pânico — praticamente residentes — ou os Enablers, que já passaram por Portugal mais do que uma vez, há outras do cartaz com potencial para garantirem o lugar de surpresa da edição de 2017.
The Gaslamp Killer
The Gaslamp Killer é William Benjamin Bensussen, um produtor norte-americano, de origem judaica, com antepassados no Líbano, Turquia e Lituânia, que cresceu a ouvir coisas tão diferentes como rock clássico, dub e rap. Para que se perceba o som que produz, as informações da apresentação feita anteriormente são mais do que suficientes. É às suas raízes e às influências musicais que vai buscar inspiração para o DJ set que monta. O psicadelismo dos 1970, o hip hop e as melodias de encantar do Médio Oriente estão presentes em todo o trabalho de Benjamin. A 21 de Julho valerá a pena esperar no Palco Milhões até à 1h20.
Cocaine Piss
Anarquia sonora total com raízes no punk e em noites mal dormidas, os Cocaine Piss vão encaixar como uma luva no Milhões. Para os holandeses que já foram produzidos por Steve Albini, responsável pela produção de Nevermind, dos Nirvana, álbum que marcou uma geração, acima dos dois minutos uma música passa automaticamente a épico. É no caminho mais curto que está a eficácia. Às 3horas de 21 de Julho, o caos será instalado no Palco Lovers. Para isso vão contar com a ajuda da saxofonista dinamarquesa Mette Rasmussen.
Pixvae
Um free jazz rockeiro com saxofone marcado e bateria em constante contratempo apoia linhas vocais assentes na cúmbia (música nacional da Colômbia). Os Pixvae resvalam para uma esquizofrenia musical que resulta do encontro entre um grupo de colombianos com rockeiros franceses, em Lyon. A sonoridade do instrumental deste colectivo podia ser confundida com a de uma mão cheia de outras bandas. É com as vozes etnicamente reconhecíveis que ganham outra dimensão e são catapultados para aquele sítio especial que existe na música onde se encontra a identidade e o carisma que torna as bandas únicas. Tocam no Palco Milhões a 23 de Julho.
Bad Breeding
Diz o The Guardian que já foram descritos como “a melhor nova banda de punk do Reino Unido”. Exagero ou não, é um alerta para os que vão estar em Barcelos a 23 de Julho. Os Bad Breeding tocam no Palco Milhões à 1h30. Guitarras desconcertantes e sujas quanto baste são comandados por um vocalista hiperactivo que fará para que os berros que debita não dêem descanso a ninguém. Meia hora seria o suficiente para fazerem um set com mais do uma dezena de músicas. Em Barcelos talvez tenham que esticar o alinhamento.
Bala
Anx e V compõem o duo da Galiza que se junta à conspiração dos que acreditam que quantos mais são os que estão em palco mais atrapalha. Uma está na bateria e outra na guitarra. As vozes dividem entre elas. Bala é um cozinhado de rock sujo temperado com especiarias que sobram do legado noventista de Seattle. O que lhes falta em virtuosismo ganham em atitude. A 23 de Julho abrem o Palco Taina, às 16h45.