A população de elefantes no parque nacional Minkébé, no Gabão, diminuiu entre 78% e 81% nos últimos 10 anos, devido a caçadores furtivos em busca de marfim, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira, 20 de Fevereiro. O Parque Nacional Minkébé é uma das maiores reservas da África Central e situa-se no extremo noroeste do Gabão, sendo considerado pelo Fundo Mundial de Protecção da Natureza (WWF) como uma área a precisar de protecção.
"A nossa pesquisa sugere que mais de 25.000 elefantes do Parque Nacional Minkébé podem ter sido mortos por causa do marfim entre 2004 e 2014", disse John Poulsen, professor assistente de ecologia tropical, da Universidade Duke, de Durham, Estados Unidos (Carolina do Norte).
Segundo o responsável, estimando-se que cerca de metade dos 100.000 elefantes da África Central vivam no Gabão, a perda de 25.000 naquele "santuário chave" é considerada um "revés para a preservação da espécie". Segundo o estudo, ainda que alguns dos caçadores furtivos sejam do Gabão, a caça ilegal praticada por pessoas dos países vizinhos, especialmente dos Camarões, a Norte, foi uma das causas para o acentuado declínio do número de animais.
Os investigadores mediram as perdas de população comparando dados de dois levantamentos, em 2004 e 2014, usando métodos de análise dos excrementos (nomeadamente de forma a ter em conta que as chuvas fortes poderiam deteriorar o estrume e distorcer a precisão). Os investigadores identificaram duas zonas de pressão da caça furtiva.
Segundo Poulsen, a morte de elefantes no Sul do parque, a 58 quilómetros da principal estrada gabonesa, não foi muito acentuada. "Em comparação, as zonas central e Norte do parque, que ficam a cerca de seis quilómetros de uma estrada nacional dos Camarões, foram esvaziadas", disse. A proximidade da estrada permite aos caçadores furtivos dos Camarões aceder ao parque, matar os elefantes e levar o marfim para a maior cidade do país, Douala, um centro importante de comércio internacional de marfim.
Desde 2011 que o Governo do Gabão tem tomado medidas para conter a caça furtiva no parque Minkébé, nomeadamente colocando guardas no parque e aumentando o orçamento da agência de parques nacionais. Poulsen lembrou também que o Gabão foi a primeira nação africana a queimar todo o marfim apreendido. No entanto, adiantou, pouco foi feito para travar o tráfico transfronteiriço.
"Para salvar os elefantes das florestas da África Central precisamos de criar novas áreas protegidas internacionalmente e coordenar a aplicação das leis internacionais para garantir o julgamento de estrangeiros que cometam ou incentivem crimes contra a vida selvagem noutros países", disse o responsável. John Poulsen lembrou também que estudos que mostram o declínio da população de elefantes não são novos. "Mas uma perda de 78% a 81% numa década, numa das maiores e mais remotas áreas protegidas da África Central, é um aviso de que nenhum lugar é seguro contra caçadores furtivos".