Almaraz, ou quando o céu nos cair em cima da cabeça

Basta recordar o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986 e responsável pelo envio de radiação a mais de 1000 quilómetros de distância, para rapidamente perceber quão vulneráveis estamos nós às vontades de “nuestros hermanos”

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De Espanha, nem bom vento, nem bom casamento, particularmente quando a menos de 100 quilómetros de Portugal nos deparamos com a maior, e mais obsoleta, central nuclear de Espanha, Almaraz, com mais de 36 anos de actividade e cuja desactivação permanentemente adiada não é senão a garantia de como um destes dias nos arriscamos a que, de uma vez por todas, o céu nos caia em cima da cabeça. Infelizmente, e porque estamos a falar de energia nuclear, quando o céu nos cair em cima da cabeça já será tarde demais. Basta recordar o acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986 e responsável pelo envio de radiação a mais de 1000 quilómetros de distância, para rapidamente perceber quão vulneráveis estamos nós às vontades de “nuestros hermanos”, desde logo por ser o Tejo o primeiro emissário de uma morte cuja foice de água rapidamente dilacerará as vidas de todos os portugueses, apenas e somente culpados de uma vida a jusante da altivez de um povo que se acha no direito de decidir sobre a nossa vida e morte sem sequer nos dirigir a palavra ou colocar uma pergunta sequer.

Não. Porquê? Porque a central nuclear é espanhola, está em Espanha, serve os espanhóis e é dos espanhóis, mesmo sendo o Tejo pertença dos dois países e as suas águas a certeza do arrefecimento dos dois reactores nucleares, águas essas prontamente poluídas para que os portugueses, isso mesmo, nós, se sirvam das mesmas e de todo o cuspo espanhol trazido de bandeja por Tágides de três olhos todos os dias pela manhã.

Entretanto, o Governo português já apresentou queixa à Comissão Europeia. Porquê? Porque não só os espanhóis se recusam a encerrar Almaraz como de caminho se lembraram de começar a construir um armazém de resíduos nucleares junto à central nuclear, assim exponenciando o risco de contaminação de águas, solos e de toda uma cadeia alimentar da qual dependemos sem por isso realizarem um estudo de impacto ambiental ou darem cavaco a Portugal, a primeira nação a ser afectada em caso de acidente.

A queixa, no entanto, arrisca-se a cair em saco roto, porque a burocracia é assim mesmo e a tinta de uma pena é sempre mais lenta que o fio de uma espada, pelo que os trabalhos de construção lá continuam, alegremente, e alegremente continuarão até que o armazém seja concluído e os portugueses tenham mais um prego no seu caixão nuclear.

E porque a história está recheada de exércitos espanhóis a reclamarem aos portugueses o que dos portugueses sempre foi, para quando o envio de forças militares para a fronteira? Para quando o cerrar de dentes, punhos e fileiras contra o óbvio, contra a agressão gratuita, contra o desrespeito e a soberba de um povo que através de uma central nuclear mostra todo o desprezo que sempre teve em relação aos nossos 900 anos de liberdade e independência? E porque Espanha tem neste momento um Filipe no trono, saibamos reviver o 1.° de Dezembro, defenestrar o Miguel de Vasconcelos tantas vezes quantas forem precisas e mostrar tudo o que fizemos, e fazemos, contra os Filipes, contra Espanha, em nome de Portugal!

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