Transportes públicos reforçam serviços durante a Eurovisão
Trânsito no Parque das Nações vai estar condicionado, mas transportes públicos vão ser reforçados e ter descontos. Vigilância vai ser apertada com recurso a câmaras.
São participantes de 43 países, 1500 jornalistas, dois mil profissionais que estão em Lisboa a pôr de pé o Festival Eurovisão da Canção, que decorre pela primeira vez em Portugal. Estará a capital preparada para receber mais 30 mil pessoas?
A segurança vai ser mais apertada e tanto o Parque das Nações como o Terreiro do Paço vão ter câmaras de vigilância. Se os carros vão ter algumas restrições à circulação durante a próxima semana, os transportes públicos vão ser reforçados para “dar resposta ao aumento de passageiros” que é esperado por causa do festival.
O Metro de Lisboa vai pôr mais carruagens a circular já a partir desta sexta-feira, até ao próximo domingo, 12 de Maio, dia da final da Eurovisão. Numa nota enviada ao PÚBLICO, a empresa refere que “para dar resposta ao aumento de passageiros” previsto, o Metro de Lisboa vai reforçar o serviço nas linhas vermelha (São Sebastião-Aeroporto), verde (Cais do Sodré-Telheiras) e azul (Reboleira-Santa Apolónia), o que se traduz na “disponibilização de comboios com seis carruagens e no aumento do número de comboios, sempre que se justificar”, diz o Metro.
Nas estações onde se prevê maior afluência de passageiros, haverá reforço de pessoal “para garantir o serviço adequado ao cliente”, indicou a empresa, acrescentando ainda que este reforço contará também com as forças de intervenção da PSP, para “garantir um serviço de transporte com as condições de segurança adequadas”.
Quanto aos autocarros, a Carris anunciou também que vai reforçar o serviço do 728, que liga o Restelo à Portela. “Se a procura justificar, admite-se a possibilidade de realizar outros reforços nas restantes carreiras”, diz a empresa.
Em funcionamento estão ainda dois shuttles de apoio ao Festival, cujo acesso é apenas permitido a portadores de uma credencial da Eurovisão, que poderão entrar e sair em qualquer ponto do percurso.
Quem viajar de comboio poderá comprar viagens de ida e volta por dois euros nos urbanos de Lisboa. A CP vai ter ainda descontos de 30% nas viagens de Alfa Pendular, Intercidades, Regional e Inter-regional. Para os que precisarem de utilizar as linhas urbanas do Porto, em complemento à viagem de comboio na Linha do Norte, o preço das viagens de ida e volta será também de dois euros.
Vigilância reforçada com câmaras
Em matéria de segurança, “milhares de polícias” vão estar envolvidos na Operação Eurovisão da Canção, que decorre já desde 12 de Março e vai estender-se até 15 de Maio. Haverá dispositivos policiais junto ao Pavilhão Atlântico, ao Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Belém, e no Terreiro do Paço, onde está montada a Eurovision Village.
A videovigilância será um dos pilares desta operação, já que serão colocadas, no Parque das Nações, 17 câmaras, estando a PSP à espera de autorização para a instalação de mais cinco no Terreiro do Paço.
Na operação da PSP que foi esta sexta-feira apresentada no Comando Metropolitano de Lisboa, o intendente Luís Moreira explicou que, em conjunto com o município, vão ser colocadas barreiras físicas para impedir a entrada de automóveis.
Segundo a intendente Ana Nery, responsável pela segurança no Parque das Nações, o controlo de acessos naquela zona é “apertadíssimo”: “Temos recursos a raio-x, revistas pessoais e pórticos com detectores de metais”. Para os que vão assistir às meias-finais e à final da Eurovisão, Ana Nery sugeriu que cheguem cedo e que levem o menor número de pertences possível.
Com o Pavilhão Atlântico a ser o palco dos espectáculos do festival, a circulação automóvel e pedonal estará condicionada.
Com as semifinais, na terça e na quinta, e a final, no sábado, o trânsito automóvel estará cortado na Rua do Bojador e na Alameda dos Oceanos, “de forma a criar uma zona de segurança que não permita acesso de veículos a zonas de grande concentração de pessoas junto às portas de entrada para os espectáculos”, explica a câmara de Lisboa.
Também as avenidas do Índico e do Pacífico, que estarão a funcionar como zonas de entrada do público no Pavilhão Atlântico, estarão reservadas apenas a peões.
Já na Praça do Oriente, junto à estação, a PSP terá a funcionar um posto de atendimento móvel. A autarquia apela ainda a que a circulação naquela zona da cidade seja feita preferencialmente em transportes públicos, em particular nos dias em que se realizam os espectáculos.
Em Belém, junto ao MAAT, apenas será possível circular numa via entre o Café In e a estação fluvial de Belém, no próximo domingo, já que o museu vai acolher a abertura do festival na “blue carpet”, onde irão desfilar os 43 concorrentes.
Oportunidade para turismo LGBT
A realização da Eurovisão em Lisboa tem também reflexos na hotelaria, sobretudo por altura da final, no dia 12 de Maio. Dados da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), enviados à agência Lusa, apontam que as reservas mostram que os hotéis de quatro estrelas serão os mais procurados, com ocupações de 90%. Mais de 75% das unidades hoteleiras da cidade “dizem que vão ter uma ocupação de entre 74% a mais de 80%”, refere a AHP.
Um desses casos é The Late Birds Lisbon, a primeira unidade hoteleira em Lisboa assumidamente direccionada para o público gay. Diogo Vieira da Silva, director de marketing desde gay urban resort, diz ao PÚBLICO que o Late Birds tem estado “totalmente lotado” há um ano, desde que a vitória de Salvador Sobral ditou que Portugal seria o anfitrião da Eurovisão deste ano.
O também director executivo da Variações - Associação de Comércio e Turismo LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e intersexo), organização que nasceu no início do ano, reunindo cerca de 60 empresas e empresários portugueses, aponta ao PÚBLICO que a Eurovisão é uma “excelente oportunidade para Lisboa se afirmar no mercado LGBT”.
Também a plataforma Airbnb referia, no final da semana passada, que as pesquisas por alojamentos em Lisboa para a semana da Eurovisão aumentaram 42% face a igual período de 2017.
“A elevada procura por alojamento através da Airbnb para a semana entre 8 e 13 de Maio faz com que estejam apenas disponíveis 15% dos alojamentos em Lisboa anunciados na plataforma, com preços médios de 63 euros por noite para um quarto privativo e de 150 euros por noite para um apartamento com dois quartos em uso exclusivo”, refere a Airbnb, citada pela Lusa.
Durante o fim-de-semana da final do festival a disponibilidade, refere a plataforma, será ainda mais baixa, com apenas 10% dos alojamentos anunciados disponíveis para reserva.