A "rapper" Capicua escreveu, o guitarrista Pedro Geraldes compôs e a ilustradora Maria Herreros desenhou "Mão Verde", um livro-disco para crianças sobre a natureza, a ecologia, os alimentos e uma vida saudável. A editar a 30 de Setembro, o livro-disco tem 12 poemas e lengalengas que Capicua escreveu a pensar num público mais novo e em torno de questões que fazem hoje parte do vocabulário diário das pessoas e que são "uma necessidade da época", como contou em entrevista à agência Lusa.
"As mensagens mais universais, de amor à natureza e aos animais ou o Dia da Árvore, as crianças entendem, mas depois há questões mais práticas sobre ecologia, a alimentação, temas que estão muito presentes e que eu queria abordar sem ser com um moralismo panfletário", disse.
Em "Mão Verde", com ilustrações da espanhola Maria Herreros, Capicua escreve e canta sobre a alimentação vegetariana, as propriedades das ervas aromáticas, a importância da vida de insectos numa horta ou sobre trevos, pirilampos e bichos-de-conta. "Desconfia de quem não gosta de animais,/E se não gosta de plantas desconfia ainda mais./Desconfia de quem detesta chocolate,/Desconfia de quem não gosta do Chico Buarque", ouve-se no tema "confio(des)confio".
No livro, cada poema-canção segue acompanhado de curtas notas informativas do agricultor Luís Alves, do projecto Cantinho das Aromáticas, acerca dos assuntos abordados. Capicua diz que é "quase vegetariana", cuida de uma horta e tem preocupações ecológicas antigas que nunca tinham sido transformadas em música nos anteriores discos de hip hop.
"Mão Verde" é agora um livro-disco, mas começou por ser um espectáculo para crianças encomendado ao casal Ana Fernandes (Capicua) e Pedro Geraldes (guitarrista dos Linda Martini) pelo Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa. Foi a partir desse convite que ambos desenharam as letras e as músicas, num processo criativo "com uma abordagem bastante intuitiva, que tivesse assim um ambiente lúdico, mantendo a seriedade dos temas".
"Ouvimos muitas músicas que podiam inspirar-nos, do 'afrobeat', pop, rock à música havaiana, refinámos a estrutura das canções e acrescentámos dois temas que não estavam no espectáculo", contou. Capicua não promete mudanças de comportamento para os mais novos, mas elogia-lhes uma naturalidade e espontaneidade que os adultos já não têm. "Nos espectáculos do São Luiz, tanto nos faziam perguntas complexas como queriam saber coisas muito simples. O público adulto não interage desta maneira."
"Mão Verde" sai na próxima semana, mas os concertos de Capicua e Pedro Geraldes só acontecerão em 2017, numa digressão que poderá ter vários formatos para escolas, livrarias, bibliotecas, pequenos auditórios e espaços ao ar livre.