A edição de 2016 do festival Filmes do Homem abre portas a 2 de Agosto com 27 filmes a concurso sobre a temática “identidade, memória e fronteira”. Até dia 7 vão passar pela vila minhota curtas, médias e longas-metragens de 18 países e alguns dos seus realizadores. A programação conta ainda com duas residências artísticas e cinco dias de workshops e debates sobre a marca de emigração e “o salto” na nossa sociedade.
No pódio, para os filmes a concurso, estão os prémios Jean-Loup Passek, em homenagem ao historiador e cinéfilo que doou parte do seu espólio ao município de Melgaço. O francês deu o nome e a arte ao Museu do Cinema desta vila do distrito de Viana do Castelo. O homem que “prendou o município com o património e a vida” deu oportunidade a que Melgaço, entre outras coisas, tivesse o seu próprio festival de cinema, destaca o presidente da câmara, Manoel Baptista.
Os prémios, divididos entre as categorias de melhor longa-metragem internacional (a valer 3.000 euros), melhor curta ou média-metragem internacional (1.500 euros) e melhor documentário português (1.000 euros), vão ser atribuídos pelo júri, constituído por Manuela Penafria, Margarida Cardoso, Renato Amram Athias, Tiago Afonso e Xurxo Chirro.
O Filmes do Homem trata de “forma séria” as questões de emigração que ao longo das últimas décadas se afirmaram na memória colectiva dos portugueses, recorda Manoel Baptista. O festival quer invocar uma sociedade marcada pela saída “a salto” do país e pelo comércio de fronteira, o “contrabando”. “São as marcas que continuam a marcar a nossa povoação e hoje, mais do que nunca, marcam a história da Europa”, afirma o presidente da câmara.
Fora do concurso, estão os filmes "Os olhos de André", de António Borges Correia, e "Volta à Terra", de João Pedro Plácido, convidados a entrar na programação.
O mesmo cartão de acesso foi dado a João Gigante, fotógrafo da exposição "Commercio", Andreia Alves de Oliveira, com "Um lugar chamado Diáspora", e Bruna Prazeres, com as fotografias de "Padrão". Os três expõem, durante o festival, na Casa da Cultura de Melgaço, e o curador Bernard Despomadères tem lugar cativo Museu de Cinema Jean Loup Passek, com a "Histórias Sem Palavras".
Para quem não conseguir assistir às sessões em Melgaço, o festival reserva uma programação itinerante pelas freguesias de Castro Laboreiro, Cristóval, Padrenda e Arbo, estas duas últimas na Galiza, Espanha.
Residências artísticas e workshops
Para que a memória dure entre os da terra e os de fora, de 29 de Julho a 7 de Agosto, Melgaço transforma-se na residência artística de jovens criativos para que, através do vídeo e da fotografia, se possa gravar e guardar a história da região. O projecto Plano Frontal, no qual as residências artísticas se inserem, pretende criar para um arquivo audiovisual sobre o património imaterial da vila, criar um espaço único de memória de Melgaço e promover novos artistas.
Plano Frontal destina-se aos finalistas dos cursos de audiovisual, cinema e comunicação e àqueles que tenham terminado recentemente alguma formação na área. Esta experiência vai permitir o contacto de jovens artistas com realizadores e fotógrafos e talvez “se possam encontrar portas de saída da faculdade para o mercado de trabalho”, explicou um dos coordenadores do projecto, o realizador Pedro Sena Nunes. A coordenação destas residências fica também a cargo de Carlos Eduardo Viana, Rui Ramos, Mário Gomes e Miguel Arieira.
Durante mais de uma semana, os três seleccionados da área de fotografia vão criar três projectos fotográficos. Do campo do vídeo vão resultar quatro documentários, fruto do trabalho dos doze candidatos escolhidos pela organização. Os trabalhos vão ser apresentados no ano seguinte, como acontece este ano em que serão dados a conhecer, no decorrer do festival, os resultados da residência cinematográfica de 2015.
Para todos os entusiastas sobre questões da identidade, o festival abre portas ao debate, à reflexão e ao desenvolvimento de investigação sobre o tema, num curso de verão durante os dias 3 e 7 de Agosto. O programa Fora de Campo conta com a colaboração de orientadores que desenvolvem investigação no campo das Ciências Sociais, das Artes e da Comunicação em universidades portuguesas, espanholas, brasileiras e norte-americanas. O curso tem um custo de 50 euros por participante, a que pode acrescentar as despesas com alojamento e transporte, excepto para habitantes do concelho de Melgaço para quem a participação é gratuita. As inscrições estão abertas até esta sexta-feira, 15 de Julho.