O Quintanilha Rock quer “crescer com cabeça”, por isso cobra bilhete
Festival de Verão que há 16 anos chama milhares de forasteiros à aldeia raiana de Quintanilha, em Bragança, apresenta este ano bandas portuguesas e espanholas e, pela primeira vez, cobra bilhete: 10 euros para os três dias, oito para um dia
A praia do Colado, no rio Maçãs, que une Portugal e Espanha, continua a ser o "palco" deste evento que espera mais de seis mil festivaleiros, entre 7 e 9 de Julho, numa zona de lazer e preservação ambiental em pleno Parque Natural de Montesinho. O impacto ambiental foi uma das razões apontadas esta segunda-feira, na apresentação pública do cartaz do festival, para a introdução de bilhetes com um custo de 10 euros para os três dias ou oito euros por dia, com campismo gratuito.
Leonor Afonso, da associação de jovens responsável pelo evento, a ArtiColado, explicou que se nota que "cada vez mais está a crescer o interesse por parte do público fora do distrito de Bragança, com reservas de bilhetes de pessoas que vêm do Porto". "Queremos crescer, mas queremos crescer com cabeça, isto é: nós sabemos que temos um espaço limitado, temos de crescer à medida das condições que temos. Não podemos fazer uma coisa que depois não tenhamos condições e infra-estruturas físicas para receber as pessoas", afirmou. A organização garante que "foi difícil a decisão de, pela primeira vez, o festival ser pago", mas chegaram à conclusão de que mantê-lo de "forma gratuita é insustentável".
Um dos motivos apontado é o impacto ambiental, porque passam por ali, numa zona verde, em pleno Parque Natural de Montesinho, seis ou sete mil pessoas, o que obriga a organizar estruturas de limpeza. Outra razão é a limitação do próprio espaço. Além disso, pretende-se ainda angariar algum dinheiro para a associação "deixar algum contributo, fazendo parcerias com a junta de freguesia e com a Associação Protectora Amigos do Maçãs, no sentido de deixar alguma coisa visível para melhorar as condições de vida da comunidade".
Um cartaz ibérico
O Quintanilha Rock é também um momento de promoção da gastronomia regional com ofertas apenas à base dos produtos e pratos locais e assume-se, este ano, como ibérico com um cartaz constituído por 17 bandas, nove portuguesas e oito espanholas.
Os portugueses Capitão Fausto encabeçam a animação lusitana que conta também com Plus Ultra, Pista, Cave Story, Stone Dead e Galgo. Do outro lado da fronteira chega o "surf garage" dos madrilenos The Parrots, assim como os Juventud Juché, Baywaves, Tigres Leones, Mahalo e Slien Tango. Uma das novidades reporta-se aos concertos durante a tarde no palco instalado no lado espanhol do rio Maças, com actuações dos portugueses The Sunflowers e dos espanhóis Yawners e Sorry Kate.
A Câmara de Bragança apoia com cinco mil euros o orçamento que "anda por volta dos 30 mil euros", segundo a organização. O presidente Hernâni Dias salientou que o município "nunca se alheia de iniciativas que visam promover o território e neste caso particular, sendo um evento ibérico, com os jovens que virão dos dois lados da fronteira, é um evento que deve merecer atenção e deve ser apoiado". O autarca realçou que o envolvimento da Câmara "é uma forma de dinamizar a própria freguesia, ajudar a associação ArtiColado no desenvolvimento desta actividade, que se insere também naquilo que é a política municipal de apoio à comunidade estudantil e juvenil".