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“A Queima é tua, mas não lixes a rua!”, nem atires carrinhos ao Mondego

Activista lamenta que não se verifiquem melhorias significativas apesar de se desenvolverem esforços desde 2013

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António Fonseca

É a sexta vez que o movimento “Não lixes…” lança uma campanha do género. O objectivo passa pelo combate à poluição no Mondego e na defesa de práticas que não prejudiquem o ambiente durante as festas académicas de Coimbra, explica o dinamizador Fernando Jorge Paiva.

Desta vez com o mote “A Queima é tua, mas não lixes a rua!”, o movimento apresentou na segunda-feira, em Coimbra, mais uma campanha que pretende evitar o lançamento de carrinhos de compras ao rio Mondego e reduzir o lixo no chão durante a Queima das Fitas da cidade.

Desde 2013 que as acções de sensibilização nas duas maiores festas académicas de Coimbra levadas a cabo pelo movimento visam “mudar comportamentos menos correctos”, afirma Fernando Jorge Paiva. No entanto, o activista entende que a mensagem não tem passado com eficácia. Por isso, sublinha que, mais do que colar cartazes, a campanha tem que chegar aos estudantes através de novos meios. O dinamizador refere que essa divulgação será feita no Facebook, com a criação de uma página do “Não Lixes…” e em colaboração com a Associação Académica de Coimbra (AAC) e com as associações de estudantes de outras instituições de ensino superior da cidade.

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António Fonseca

Apesar de no encontro estarem presentes representantes da autarquia, da Associação Académica de Coimbra, de várias superfícies comerciais da cidade, forças policiais, PAN, cidadãos e estudantes, nenhum elemento da Comissão Organizadora da Queima das Fitas (COQF) se fez representar. “É como fazer um casamento sem os noivos”, disse Fernando Jorge Paiva, enquanto considerava que “não faz sentido falar sobre a festa sem os organizadores”.

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Numa semana de Queima, o número de copos ronda o meio milhão Adriano Miranda

O PÚBLICO tentou entrar em contacto com a COQF mas tal não foi possível.

O "fetiche" de atirar carros ao rio

Ao longo da apresentação, na tela eram projectadas imagens captadas no cortejo da Festa das Latas de 2015 de carros artesanais feitos pelos estudantes. Desde arcas frigoríficas com rodas instaladas a carros compostos por dois frigoríficos unificados, passando por carrinhos de mão. “Há um fetiche qualquer de atirar isto ao rio”, lamenta, lembrando que, como esses carros não são propriedade das superfícies comerciais, não podem obrigar à sua entrega no final do cortejo.

São também as próprias superfícies comerciais que implementam medidas nestas semanas. Na reunião, o representante da Jerónimo Martins disse que, nas quatro lojas do grupo em Coimbra é reduzido o fluxo de carrinhos disponível. Apesar do “transtorno que causa aos clientes a retirada parcial dos carrinhos”, a medida serve para tentar minimizar o número de furtos.

Apesar dos esforços desenvolvidos, as cheias de Janeiro e Fevereiro no Mondego mostraram que a actividade do movimento “não é 100% eficaz”, lamenta o activista. “As cheias levaram os carros para sítios impensáveis”, relatou, enquanto no ecrã passavam imagens de carrinhos de compras que, arrastados pelas águas, transpuseram a ponte açude e acabaram nas margens do Mondego a jusante de Coimbra.

Na Queima, o número de carrinhos recolhidos tem menor expressão que na Latada. Em 2015, foram recolhidos pelos activistas do movimento “Não Lixes…” 1087 carrinhos de compras no Largo da Portagem (à beira rio, onde desemboca o cortejo) na Festa das Latas e 300 na Queima das Fitas. Assim, para a festividade que começa dentro de semanas, um dos principais objectivos é a redução do lixo produzido e a sensibilização para essa questão.

Por dia, ao longo da Queima das Fitas, 90 mil copos de plástico vão parar ao chão da Praça da Canção, local na margem Sul do rio Mondego onde se realizam as festas académicas, referiu, “dos quais parte é recolhida, outra vai parar ao rio”. Feitas as contas, numa semana de Queima das Fitas, o número de copos ronda o meio milhão.

Foi com este cálculo em mente que o Grupo Ecológico da Associação Académica de Coimbra lançou no ano passado uma campanha de troca de copos de plástico descartáveis por outro reutilizável no recinto. Ao longo da Queima, 50 mil copos de plástico foram trocados por 1500 canecas. A ideia, explica Tiago Mendes do GE/AAC, era diminuir desperdício de plástico, mas as canecas acabaram por não ser utilizadas devido ao facto de a volumetria não ser homologada pelos fornecedores da QF. Este ano o Grupo Ecológico vai avançar com uma campanha semelhante como forma de “pressão para que se utilize a caneca na Queima”. Sobre esta questão, Vítor Marques, do PAN, considerou que “tem que ser a própria comissão [organizadora] da Queima a ditar as regras às cervejeiras”, mencionando casos de festivais em que “não se vê um copo no chão”.

Fernando Jorge Paiva dá conta da falta de “receptividade” por parte dos patrocinadores oficiais, mas acredita que, se “esta mensagem for repetida várias vezes eles acabarão por perceber que é bom para todos”.

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