"E se a música pudesse ser vista?" É desta forma que o Muvi Lisboa convida o público para a segunda edição do Festival Internacional de Música no Cinema. O quartel-general continua a ser o Cinema São Jorge e o "timing" do evento condiz com um dos meses mais frios do ano: de 1 a 6 de Dezembro, a música pode ser vista, escutada e debatida.
A tónica principal mantém-se na produção cinematográfica. Ao contrário do ano passado, em que tiveram de competir com os demais eventos em Lisboa e nos distritos vizinhos, o Muvi Lisboa preferiu apostar no Outono e deixar que Setembro terminasse com a panóplia de festivais de Verão. “Tínhamos sempre contingências de público devido à Festa do Avante, por exemplo”, afirma Filipe Pedro, director do festival. Embora de natureza diferente, o certo é que o público do Muvi tanto pode estar numa sala de cinema a ver um documentário sobre música, como num concerto político-cultural na Quinta da Atalaia, no Seixal.
“O público principal são estudantes, jovens entre os 18 e os 26 anos, estão habituados a frequentar festivais de música”, salienta. As 2.000 pessoas da edição de 2014 acarinharam o festival de cinema e “gostaram da programação eclética”. A segunda edição mantém grande parte da estrutura, com uma secção competitiva, uma outra não competitiva e os eventos paralelos. “Para se chamar festival tinha de ter competição”, explica Filipe.
Os 300 filmes que chegaram à organização até 30 de Setembro são longas e curtas-metragens, documentários e videoclipes de todo o mundo. A decisão de premiar os melhores caberá a um júri externo, composto por nove elementos, entre os quais se destacam o jornalista do PÚBLICO Vítor Belanciano, Filipe Araújo (vencedor de melhor filme português em 2014) e David Santos, mais conhecido por Noiserv.
O Muvi volta com os “concertos um pouco diferentes do habitual”, em que os artistas vêem e discutem os seus próprios videoclipes com o público. “Sabemos que o Muvi Lisboa faz coisas que já existem e que somos muito pequeninos”, diz Filipe Pedro, para justificar a necessidade de o festival recorrer ao "crowdfunding". A meta é atingir os 2.500 euros até 13 de Novembro. No entanto, a organização tem noção de que caso o dinheiro total não seja angariado, o financiamento terá de vir “do próprio bolso” ou das festas que o Muvi foi organizando durante o ano.
A preocupação é que as “pessoas saibam que não estão a ser roubadas” e, por isso, os beneméritos terão alguns benefícios, como "merchandising" e preços mais acessíveis no festival. Os bilhetes estarão à venda no Cinema São Jorge, a partir de três euros para as sessões de cinema e cinco euros para os concertos.