Com as últimas sondagens a apontarem para cerca de 20% de portugueses indecisos quanto à intenção de voto nas eleições legislativas de 4 de Outubro, torna-se urgente arranjar formas de elucidar essas pessoas sobre os desejos e as propostas dos partidos em lista, de forma a tentar reduzir a abstenção e promover um voto informado. A aplicação "Eu Voto!" pretende ser exactamente uma dessas soluções.
Imagina um jogo do tipo perguntas e respostas onde a “pergunta” é uma proposta feita por um dos partidos. O utilizador, ao ver essa proposta, tem a possibilidade de dizer se concorda, se discorda, ou se não sabe. Depois de responder, o jogo continua assim sucessivamente. O truque? As propostas são exibidas ao utilizador de forma aleatória e anónima o que leva então a uma resposta imparcial. No final do quiz, a aplicação indica, consoante o aglomerado de respostas dadas, qual será a melhor opção a tomar no próximo domingo.
Desenvolvida pela Digitemotions, startup portuguesa baseada em Aljustrel, no Alentejo, a app apresenta dez áreas temáticas diferentes e cinco propostas por área e partido. Criada por "jovens, mas não estudantes", segundo David Marques, um dos principais impulsionadores do projecto, é gratuita e está neste momento disponível apenas para Android. Conta já com mais de 1200 utilizadores, número que tem aumentado nesta semana em particular.
A app, diz David ao JPN, “surgiu da necessidade evidente de combater a abstenção” por existir “um cada vez maior afastamento entre cidadãos e a actividade política e os movimentos políticos”. “A ideia de um aplicativo para 'smartphone' poder informar os cidadãos de forma relativamente rápida e simples sobre as diferentes propostas de todos os partidos pareceu-me como uma ideia que pudesse acrescentar alguma coisa”, refere.
“[De] há um ano para cá começamos a trabalhar nisto”, continua o elemento da equipa. “Isto é um projecto que foi iniciado por um amigo da empresa. Fazia falta e entendemos que tínhamos condições para o tentar criar”, explica.
Quanto ao processo de desenvolvimento da aplicação propriamente dita, assim como a recolha de informação, David conta que o que fizeram, numa primeira fase, "foi tentar desenvolver a componente de programação e encontrar o melhor caminho para responder ao desafio". “Foi [tudo] muito em cima do acontecimento porque as candidaturas foram apresentadas até 24 de Agosto", recorda. "Alguns dos programas eleitorais foram apresentados já muito recentemente… Foi um contra-relógio, procurar ter o máximo de informação possível. O nosso entendimento é de que a aplicação só podia fazer sentido se representássemos todos os partidos de forma igual”, justifica.
Aliás, neste sentido, o balanço é bastante positivo, uma vez que têm "a grande maioria dos partidos", que contribuíram "e ajudaram a preencher o conteúdo". “Temos a possibilidade de oferecer ao utilizador propostas de forma aleatória e anónima, de maneira a que possam olhar para o concreto, fazer a avaliação das suas escolhas em função de propostas concretas”, sublinha.
Sobre o futuro, David Marques afirma que o mesmo passa por “voltar a utilizar a aplicação, desta vez em todas as plataformas, para as eleições presidenciais”. “Temos esse projecto, vamos ver em que condições é que é possível.”