Quando a Associação Protectora dos Animais da Guarda Qoasmi se deparou com o caso, não queria acreditar. Um cão tinha sido abandonado num terreno baldio com uma corrente e cadeado com uns cinco quilos atados ao pescoço. Mal se movia e não conseguia libertar-se. "Foi deixado ali para morrer", lamenta a associação numa nota na página do Facebook e enviada ao P3. O caso emocionou a população local e rapidamente se espalhou pelas redes sociais. Agora, a associação da Guarda procura um novo dono para o animal.
Só com um alicate de corte de ferro foi possível soltar Lock, baptismo inspirado no facto deste cão ter "uma vida inteira com a cabeça baixa devido ao peso da corrente e do cadeado". Ao ser libertado, o animal de 29 quilos revelou-se imediatamente "meigo, sereno e de um amor incondicional", testemunha a presidente da Qoasmi (Quando Os Animais São Mais Importantes), Marisa Paulo.
As cicatrizes denunciam "um passado sofrido": faltam-lhe dentes, tinha um pêlo muito mal tratado e estava cheio de praganas, uma espécie de espigas que se colam ao pêlo dos cães e se tornam dolorosas. Apesar disso, Lock — que deverá ter entre oito e dez anos — não tem problemas de saúde graves e apresenta grande vitalidade. Anda de trela como se tivesse anos de treino, mas gosta também de dar umas corridas, escreve a Qoasmi.
O Lock está, actualmente, num hotel canino. Mas o objectivo da associação é encontrar alguém que o adopte definitivamente: "Precisamos uma família altruísta capaz de o amar tão incondicionalmente como ele confia na raça que mais o maltratou, a humana." Os candidatos podem contactar a Qoasmi por telefone (964344387) ou e-mail (qoasmi@gmail.com).
Desde Outubro do ano passado, abandonar ou mal tratar animais de companhia é crime punido com prisão ou multa. Recentemente, a lei passou ainda a ter penas acessórias: quem infligir dor ou sofrimento a animais não vai pode tê-los durante cinco anos.
