Há vários factos que importa esclarecer antes de falarmos sobre migrações.
Facto 1: Um migrante é alguém que decide sair do seu país e ir para outro, normalmente à procura de melhores condições de vida. Um refugiado é alguém que é obrigado a sair do seu país devido a um evento que coloca a sua vida em perigo.
Facto 2: Segundo a OCDE, os migrantes em Portugal têm uma taxa de atividade superior à dos portugueses (61% contra 47%) e economicamente geram mais riqueza em Portugal do que aquilo que gastam ao Estado. Pedro Calado, o Alto-Comissário para as Migrações, afirmou que os migrantes criam 6 vezes mais emprego que os portugueses e, cada vez mais, criam postos de trabalho para portugueses.
Facto 3: Desde o início de 2015 entraram na UE cerca de 300 mil pessoas (a maioria são refugiados).
Facto 4: A UE gastou, desde 2010, mais de mil milhões de euros em operações de socorro e patrulha nas suas fronteiras.
Os refugiados não são como os migrantes e, na verdade, quando chegam ao seu destino têm um custo efetivo para os países que os acolhem. Mas não só este é um custo que uma união de países desenvolvidos deve pagar como, à luz do direito internacional, é proibido não deixar entrar refugiados. Somos assim tão egoístas que preferimos que essas pessoas morram do que gastem algum dinheiro aos nossos impostos? Aliás, se a UE facilitasse a entrada dos refugiados, não precisaria de gastar mil milhões em segurança e operações de salvamento no mediterrâneo e esse dinheiro poderia ser canalizado para acolher os refugiados em causa.
Será que 300 mil pessoas é assim tanta gente? Como termo de comparação, o antigo Estádio da Luz levava 120 mil e no 13 de maio, em Fátima, já houve na mesma praça, ao mesmo tempo, 1 milhão de pessoas. Com uma população total de 508 milhões, a UE acha que são 300 mil pessoas que vão provocar um rombo nas finanças?
Se por um lado, é a guerra com o Daesh (Estado Islâmico) que está a desencadear este movimento migratório, por outro é a política Europeia que está a despoletar a migração ilegal massiva. É que fora da Síria há 4 milhões de refugiados espalhados pelos países limítrofes como a Turquia, Jordânia e o Líbano e parte deles inevitavelmente vão tentar chegar à UE porque estes países limítrofes estão a acolher estes refugiados mas não os querem lá. E a UE, que concede o estatuto de refugiado a quem quer que o peça e tenha motivo válido, bloqueou os pedidos de asilo nas embaixadas dos países onde se encontram estes sírios. Ou seja, o que a UE fez equivale a dizer, Ok, nós concedemos o estatuto de refugiados, o que vos permite refazer a vossa vida na UE mas... têm que fazer o pedido estando já dentro das fronteiras da UE, fronteiras essas que vocês não estão autorizados a passar. Isto, misturado com a inenarrável decisão do Governo húngaro de construção de um muro de arame farpado na fronteira da Hungria com a Sérvia, obviamente, gerou uma corrida dos refugiados para as fronteiras da UE.
Por que é que têm os sírios de ter menos direitos que eu? Porque tiveram a infelicidade de nascer num país destruído pelo Daesh e pelos interesses europeus e americanos que venderam armas ao Daesh? Em Portugal sabemos receber bem, temos instituições como o ACM e projetos como o SPEAK que fazem um trabalho fantástico no que toca a integração de migrantes e refugiados.
Ainda para mais, com a obsessão da austeridade, houve quase 200 mil jovens que saíram de Portugal e somos, neste momento, o 5.º país no mundo com o maior decréscimo de população.
Precisamos de mais gente no nosso país que queria trabalhar e ter filhos.
Deixemos o egoísmo de lado. Deixem os migrantes e refugiados entrar na UE e mandem-nos para Portugal que bem precisamos! Prefiro que venham todos e daqui a 20 anos Portugal inteiro seja um "melting pot" do que sigamos o rumo atual... e seja um "empty pot".