Antiga escola da aldeia de Alqueva, no Alentejo, transformada em hostel

Aberto há cerca de um ano numa antiga escola, o Alqueva Hostel colmata a falta deste tipo de alojamentos na zona

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As salas de aula da antiga escola primária da aldeia que deu nome à barragem do Alqueva, no Alentejo, são hoje os quartos de um hostel, que alberga turistas e pessoas que trabalham na zona. A funcionar há cerca de um ano e gerido pela Associação de Desenvolvimento, Acção Social e Defesa do Ambiente (ADA), o Alqueva Hostel resultou da adaptação do edifício da antiga escola, desactivada há meia dúzia de anos, através de obras suportadas pelo município de Portel, concelho banhado pela albufeira.

O presidente da associação, Norberto Patinho, que também presidiu à câmara municipal, conta à agência Lusa que o projecto surgiu para "dar utilização a um edifício que estava desafectado da sua função original" e colmatar a falta deste tipo de alojamento na zona. "É um espaço bastante agradável. Foi idealizado para um público mais jovem, mas também não nos podemos dar ao luxo de criar uma instalação só para uma determinada faixa etária", realça, referindo que "acaba também por ser uma resposta" para quem trabalha na zona.

Situado no centro da aldeia, perto das margens da albufeira, o Alqueva Hostel tem nove quartos, o maior com oito camas e o mais pequeno com duas, sala de convívio e outras valências, adianta à Lusa Rute Farinha, directora de serviços da ADA. Além disso, acrescenta, o hostel tem, através de colaborações, "actividades que complementam a oferta do alojamento, nomeadamente ao nível dos passeios de barco e outras iniciativas patrocinadas pela autarquia, como provas desportivas".

Os clientes, segundo a responsável, são "bastante heterogéneos", uma vez que, desde a sua abertura, já passaram pela unidade de alojamento crianças de colégios, equipas desportivas, grupos de jovens e casais tradicionais que estão de passagem pela zona. São "maioritariamente portugueses", mas também há registo de hóspedes "espanhóis e alguns franceses", assinala, destacando também a presença, "mais durante a semana", de técnicos e colaboradores de empresas que trabalham na barragem.

De escola para hostel

A população da aldeia vê com "bons olhos" a "transformação" do edifício da antiga escola em hostel. É o caso de Paulo Silva, que lembra que "pelo país todo há muitas escolas" desactivadas que estão "a servir de armazéns e outras coisas sem qualquer tipo de importância". "Isto veio um bocadinho para o bem do povo e da terra", reforça, considerando que se "nota muito" a presença de "pessoas de fora", aos fins-de-semana, na aldeia.

Maria João Ganso, funcionária da ADA e que estudou na escola há mais de 20 anos, afirma que o edifício "por fora está igual", estando as principais diferenças no seu interior: "Por dentro é que está completamente diferente. Parece que não é a escola onde eu estudei". "A escola estava abandonada e o edifício não servia para nada", mas, com a sua reconfiguração em hostel, está "aproveitada e serve a população e as pessoas que visitam o Alqueva", reconhece.

O presidente da ADA diz esperar que, "daqui por uns anos", o hostel "possa ser também uma forma de financiar o serviço público" que a instituição presta à população, através dos cinco centros comunitários espalhados pelo concelho de Portel, que disponibilizam os serviços de centro de dia e apoio domiciliário a idosos. Norberto Patinho confessa que tem uma "ligação especial" com o edifício, por ter sido a primeira escola onde leccionou, em 1973, e, enquanto autarca, requalificado o espaço e decidido a sua adaptação para hostel.