ADAO, uma associação para todas as artes no antigo quartel de bombeiros do Barreiro

Os 3200 metros quadrados da Associação para o Desenvolvimento das Artes e Ofícios são "uma gigante sala de exposições" e uma oficina que quer ser uma "facilitadora da criação" para artistas independentes. No futuro pode nascer um hostel

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Luís Guerreiro e Ricardo Manso “Tota” eram velhos conhecidos do mundo artístico e partilhavam um sentimento: como profissionais independentes, eram frequentemente “atacados” pela dificuldade em conseguir a visibilidade necessária para o sucesso. Quando, há cerca de dois anos, se sentaram à mesa com João Paulino, arquitecto, foram percebendo que o problema deles se estendia a “vários artistas plásticos”. E assim estava dado o clique: tempos depois, nascia a Associação para o Desenvolvimento das Artes e Ofícios (ADAO), um centro de produção, formação e divulgação onde cabem todas as artes e todos os artistas.

Arquitectos, designers, ilustradores, pintores, carpinteiros, restauradores, fotógrafos, músicos, costureiras. Quando João Paulino fala de “todos” os artistas quer mesmo dizer todos: “Temos tido alguma dificuldade em passar a mensagem de que a ADAO é aberta a várias artes. Mas não há bem limites aqui. Por exemplo, neste momento temos dois senhores mais velhos a recuperar pianos e um rapaz novo a recuperar mobiliário.”

Desde o dia 20 de Junho, data do primeiro "open day", que a correria à associação barreirense tem sido grande. E o trio criador da ADAO — instalada num antigo quartel de bombeiros, pertencente à CP, no número 1 da Rua da Recosta — já se juntou quase uma centena de associados: “Há uma geração nova com muita vontade de fazer coisas. Sobretudo pessoas acima dos 30/35 anos e também entre os 18 e os 25”, contou ao P3 João Paulino.

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Nos 3200 metros quadrados dos dois edifícios da ADAO — uma “facilitadora da criação”, como João Paulino gosta de lhe chamar — existe lugar para quem quiser passar por lá ocasionalmente e para quem se quiser instalar. Há dezenas de salas de trabalho, salas de ensaio e palcos para concertos, um espaço para yoga e vários para exposições — aliás, todo o espaço é “uma gigante sala de exposições”.

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"Work in progress"

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Quem vê agora o antigo quartel junto à linha de comboio não imagina o que ali estava antes. O edifício, desactivado há cerca de cinco anos quando os três amigos pegaram nele, tinha sido ocupado por toxicodependentes e estava “muito degradado”. O trabalho de recuperação é um “work in progress” feito pelo trio de mentores do projecto e pelos associados que se vão juntando — mesmo porque, conta João Paulino, a associação foi erguida quase sem apoios (excepção para parcerias feitas com a câmara local).

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No próximo dia 1 de Agosto, há um novo “open day” e os contactos de bandas e criadores interessados em participar não param de chegar: “Já percebemos que havia mesmo necessidade destes espaços”, sorri Paulino. Além de funcionar como local de trabalho, inspiração e exposição, a ADAO oferece aos associados uma montra comercial: têm uma loja online pronta a entrar em funcionamento e vão criar uma física.

Para um futuro “ainda um pouco distante”, os criadores querem apostar na realização de residências artísticas e têm um projecto de criação de um hostel. Mas não um hostel qualquer: “Aproveitando o facto deste espaço estar ligado à CP, queríamos ser um ponto de passagem para quem faz inter-rails e anda de comboio. Seria um hostel onde se passaria e se desenvolveriam trabalhos artísticos.”

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