Cinco momentos onde a FIFA demonstrou ser sexista

No que toca ao sexismo, a FIFA propicia bastantes exemplos de más práticas, sendo estas, frequentemente, encabeçadas por um figura incontornável (mesmo que pela negativa) — Blatter

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USA Today Sports

O futebol é só para homens? Esta expressão faz cada vez menos sentido numa sociedade onde, mesmo sem apoios, o futebol feminino cresce, não só em visibilidade, mas principalmente em qualidade. Este crescimento deve-se, fundamentalmente, às pessoas que contribuem para o enriquecimento do desporto, mesmo quando a receptividade não é a melhor — atente-se à reacção dos fãs do jogo quando foi anunciado que o FIFA 16 contará com equipa femininas.

Mais do que culpabilizar os fãs pelos estereótipos que mantêm, importa atender ao órgão máximo do “desporto rei”: a FIFA. No que toca ao sexismo, a FIFA propicia bastantes exemplos de más práticas, sendo estas, frequentemente, encabeçadas por um figura incontornável (mesmo que pela negativa) — Blatter. Comecemos a nossa contagem:

1. Estava Abby Wambach, jogadora norte-americana, na sala VIP da cerimónia de entrega da Bola de Ouro de 2013 com a sua esposa, Sarah Huffman, quando se aproximou Blatter. Para espanto de ambas, o ex-presidente da FIFA dirigiu-se directamente a Sarah, confundindo-a com Marta (reconhecida jogadora brasileira). Saliente-se que Marta já tinha conquistado, por cinco vezes, o título de melhor jogadora de futebol feminino, e nem isso fez com que Blatter a reconhecesse.

2. A ex-campeã mundial, Julie Foudy, também teve a infeliz oportunidade de experienciar o sexismo de Blatter. Julie fez parte do sorteio, televisionado, para o mundial masculino de 1998. Durante o evento, Blatter referiu que a presença da jogadora no sorteio se prendia com a sua aparência, menosprezando as suas capacidades enquanto futebolista.

3. Pelo pouco destaque dado, é normal que poucos saibam que o Mundial de Futebol Feminino começou no dia 6 de Junho, no Canadá. Este ano, pela primeira vez numa competição de futebol desta dimensão, todos os jogos estão a ser realizados em relvados sintéticos — e com resultados preocupantes. Como seria de esperar, a FIFA não ponderou colocar os seus craques masculinos em relvados cujas temperaturas ascendem aos 50 graus, sob pena de os submeterem a riscos. Aparentemente, para a FIFA o futebol feminino é secundário, sendo admissível colocar as jogadoras em condições bastante desfavoráveis e utilizá-las como cobaias.

4. Sabiam que no regulamento do Campeonato do Mundo de Futebol Feminino existe um artigo que permite a requisição de exames perante “indícios” de que uma jogadora poderá ter sexo biológico masculino? Pois bem, infelizmente é verdade, e uma das vítimas deste artigo foi a jogadora sul-coreana Park Eun-Sun que, em 2013, teve de se submeter a exames, devido às suspeitas da federação. Como seria de esperar, nada foi provado, e Park jogou no campeonato após ter sido humilhada. Será que já obrigaram um jogador masculino a provar que tinha sexo biológico masculino para jogar num campeonato?

5. Por último, não nos podemos esquecer do dia em que Blatter sugeriu que as jogadoras usassem calções curtos (como os de voleibol) de forma a incrementar a popularidade do desporto. Mais uma vez nos deparamos com o descrédito na qualidade do futebol feminino, sendo sugerida a alteração do foco para a parte visual, ao invés da competência.

É verdade que Blatter não é sinónimo de FIFA, mas não nos podemos esquecer da sua influência. As pessoas saem, mas as ideologias ficam, e ainda falta percorrer muito caminho até existir igualdade de sexo e género no desporto. O futebol feminino não é igual ao masculino, mas isso não é uma desvantagem, pelo contrário, é uma forma de enriquecer este desporto que apaixona milhões em todo o mundo.

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