Como criar dinheiro? A Islândia explica

A ideia da Islândia é gerar um novo sistema para a criação de dinheiro, eliminando o papel dos bancos comerciais

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Jeff Belmonte

A Islândia prepara-se para ser um laboratório de reformas económicas e financeiras. A ideia é gerar um novo sistema para a criação de dinheiro, eliminando o papel dos bancos comerciais. Conseguirá Reiquejavique ser bem-sucedida? Se tal acontecer, estaremos perante uma revolução total do sistema monetário e financeiro tal como o conhecemos atualmente.

Primeiro que tudo, há que ter em conta que os bancos comerciais têm a capacidade de criar dinheiro. Como tal, estes utilizam os empréstimos para que seja possível criar depósitos, sendo precisamente este mecanismo que o Governo islandês pretende combater. Assim, a grande transformação assentaria no impedimento dos bancos de criarem dinheiro a partir de empréstimos, devolvendo este “poder” a um forte banco central.

O contexto islandês não poderia ser mais propício a esta ideia embrionária. A pequena ilha de 330 mil habitantes, foi recentemente afetada por uma crise financeira que destruiu a sua economia. Como tal, o Governo encomendou este estudo que representaria uma inversão e uma alteração radical do sistema financeiro moderno.

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João Malhadeiro é estudante de Ciências Farmacêuticas, nas quais o futebol é uma constante do quotidiano

Desta forma, esta alternativa permitiria um banco central com o monopólio da criação de dinheiro, tendo como principal função o apoio ao crescimento económico. Para além disto, possibilitaria que o dinheiro fosse transferido para o Governo para este poder ser utilizado no crescimento e desenvolvimento da economia do país. No entanto, os bancos sairiam claramente prejudicados, visto que passariam a ter o simples papel de meros intermediários, recebendo depósitos e concedendo empréstimos.

O projeto tem dividido o mundo da economia e finanças. Quem defende este tipo de estratégia, argumenta que este modelo permitira ao estado um papel mais interventivo na economia do país e uma maior fonte de receitas. No entanto, os mais críticos classificam o modelo como “soviético”, indicando que era o regresso a um modelo em que o setor público dita as regras do mundo financeiro e do dinheiro.

O debate em torno da questão está longe de terminar, dado que esta matéria continua a dividir a opinião de diversos especialistas. No entanto, o Governo islandês pretende voltar a inovar e a ser um exemplo na gestão de crises quando comparado com outros países europeus. Destacou-se na rápida condenação de banqueiros, acusados de manipulação de mercado, bem como na rejeição à União Europeia, tendo em conta a crise desta e a fantástica recuperação da economia islandesa.

Sendo assim, será que a pequena ilha estará disposta a passar do papel à prática e servir como experiência deste modelo, que pode revolucionar o sistema financeiro? A decisão ainda está longe de ser tomada, mas a Islândia volta a marcar uma posição e a dar passos no sentido de contrariar as crises financeiras que afetam o país e a servir de exemplo a outros países europeus, na direção de criar uma nação próspera, que já ultrapassou ao longo da sua história por vinte crises financeiras.

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