Adeus e boa sorte!

Pessoalmente, não me agrada nada ver esta postura de quem se vai embora. Não por se sentirem traídos ou abandonados mas sim pelo que dizem do nosso país

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Ethan

São inúmeras as histórias dos emigrantes que se dedicam a uma vida fora de Portugal e que oriundos desta nova casa lançam insultos ao país que cá fica. Pessoalmente, não me agrada nada ver esta postura de quem se vai embora. Não por se sentirem traídos ou abandonados mas sim pelo que dizem do nosso país. A mim, não me fazem falta e já deviam ter saído há mais tempo.

Antes de mais, começo por revelar que também passei pela experiência de viver no estrangeiro. Trabalhei cerca de um ano na minha área de formação e tive que construir sozinho uma base sócio-profissional suficiente para ocupar o meu dia-a-dia. Não fui por falta de oportunidades em Portugal, mas sim pelo desafio de viver num país que não o meu. É, e sempre será, difícil começar tudo do zero (seja em que país for). O nosso não é exceção.

A ilusão que a vida no estrangeiro é mais fácil leva muitos a arriscar esta mudança. Uns arrependem-se e outros teimam em afirmar que fizeram a melhor escolha possível. Não digo que não tenham feito, mas não me venham dizer que em Portugal era mais difícil. Se calhar a força de vontade em fazer qualquer coisa num país diferente do nosso foi maior. Depois de saírem de Portugal, seria triste se também não conseguissem vingar noutro local.

As culpas

Depois, aparece o fenómeno natural das desculpas e culpas em tudo o que mexe. Desculpam-se vezes sem conta pelo Governo e a crise serem a causa do seu insucesso. Foi pelo alinhamento dos astros e ironia do destino que nasceram neste período onde um Governo insuficiente e uma “crise” fecharam todas as portas possíveis a estes trabalhadores natos. Tenho que sair de Portugal porque tudo está contra mim e o meu fortuno. Isto aqui já não dá. O insucesso é garantido…

Eu até concordo que existam profissões que sejam difíceis de exercer em Portugal. Enfermagem, por exemplo, está limitada em termos de vagas em relação ao total de enfermeiros formados todos os anos. Com cerca de 3000 novos enfermeiros disponíveis para trabalhar todos os anos é óbvio que alguém ficará de fora. Retirando estes casos em que a formação está destinada a expatriar parte dos formandos, os restantes casos de emigração poderão estar associados à falta de esforço e flexibilidade por parte do trabalhador.

Outro evento que também me deixa perplexo é a diferente perceção relativamente às carreiras profissionais. Trabalhos que nunca estariam dispostos a ter em Portugal, lá fora parecem ser carreiras de luxo. É incrível a imensidão de casos de emigrantes que acabam por trabalhar em restaurantes "fast food" ou em trabalhos secundários noutros países e que em Portugal nunca assumiram essa hipótese. Atenção, que não tenho nada contra a "fast food". Eu próprio já trabalhei num restaurante deste calibre. Apenas acho peculiar o fato de assumirem como hipótese trabalhar nestas posições noutro local que não Portugal.

Sejam estágios do IEFP, uma baixa remuneração, um trabalho fora da formação, tudo é uma razão para não aceitar o trabalho. Mas lá fora, tudo se torna numa razão completamente credível e razoável para aceitar o trabalho. Lá fora sim, em Portugal não. Para esta falta de vontade, não precisamos cá de vocês. Adeus e boa sorte lá fora. Aqui, nós conseguimos cuidar de nós próprios, não precisamos de vocês para crescer.

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