Café de Santa Cruz transformado em “recordatório" de Coimbra

Uma exposição com fotografias, notícias de jornais, momentos, artefactos e documentos vão desfilar pelo Café Santa Cruz. E o melhor de tudo é que as sugestões vieram de quem sabe: dos clientes deste café quase centenário

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A data mais redonda foi assinalada há dois anos atrás, altura em que o Café Santa Cruz, em Coimbra, assinalou o seu 90º aniversário. E ainda faltam oito para o aniversario mais redondo de todos. Mas todos os anos são bons para festas e, num ano em particular, em que os 725 anos da Universidade em Portugal são assinalados em Coimbra com o tema “Tempo de Encontros”, o Café de Santa Cruz só podia estar associado à festa. Por ter sido palco de tantos encontros na cidade. Mas também por sê-lo, ainda. O próximo encontro é já na próxima quarta, dia 29, altura em que assinalará o seu 92º aniversário com uma exposição e tertúlia com curadoria de Jorge Simões.

Porventura um dos mais antigos cafés em Portugal - e talvez o único que se mantém em funções, de forma ininterrupta há já 92 anos, o edifício do Café Santa Cruz foi construída para ser uma igreja paroquial em 1530. A notícia, de Fevereiro de 1921, que dá conta dessa “transformação” do espaço é apenas um dos documentos que vai estar em exposição. Mas também vão estar fotografias de clientes e dos muitos eventos especiais que tiveram palco no Santa Cruz. Por exemplo, um casamento - o último que se realizou no Santa Cruz foi em 1975).

“O que nos propomos é criar um momento que provoque esses encontros e que recorde essas memórias”, explica ao P3 Vítor Marques, um dos proprietários do histórico café. Será um verdadeiro "recordatório", não só das vivências pessoais de cada cliente com o seu espaço de eleição (e Vítor Marques, que cresceu atrás daqueles balcões, quando o pai e restante família regressaram de Moçambique quando tinha cinco anos, também tem as suas) e outras mais institucionais, como as que o Museu Machado de Castro ajudou a musealizar. Por exemplo, o "marco" em pedra que estava meio perdido na Câmara Municipal e que tem o símbolo do Café Santa Cruz. "Uma das coisas que me está a dar particular entusiasmo é o facto de serem os clientes do café quem nos chama a atenção para os seus pedaços de história e de vivências relacionadas com o café", acrescenta Vítor Marques. 

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Os objectos e documentos irão ficar patentes depois da data, mas a noite do dia 29 de abril será a melhor das oportunidades para ouvir, por exemplo, António Ramires, historiador, a explicar as mudanças urbanísticas que foram redesenhando o espaço em que se insere: a Praça 8 de Maio, que, já dizia no jornal “A Final”, feito para assinalar o facto da Académica estar na final da taça de Portugal, em 1929, já dizia que se situava “no melhor local de Coimbra” . E para se deixar deliciar com as memóris de um dos clientes de sempre, como Inácio Nogueira, autor da monografia “Santa Cruz , um café com História”. Porque a história se faz todos os dias, e, porque não, à volta da mesa de um café. 

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