Três projectos portugueses entre os “edifícios do ano” do ArchDaily

"Edifício sobre a água", de Álvaro Siza e Carlos Castanheira, Parque Natural do Fogo, do atelier OTO, e Casa de Sambade, dos spaceworkers, vencem "Building of The Year 2015"

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Parque Natural do Fogo (Cabo Verde) - OTO FG+SG

Três projectos portugueses, um desenhado para a China por Siza Vieira, outro em Portugal pelo atelier spaceworkers, e outro em Cabo Verde pelo atelier OTO, estão entre os vencedores do prémio internacional "ArchDaily Building of the Year 2015".

Os vencedores nas 14 categorias foram anunciados nesta quinta-feira pela organização do galardão, após uma segunda fase de votação online em que nove projectos portugueses concorriam entre 70 finalistas escolhidos num universo de 3.500 projectos de todo o mundo. 

Os projectos venceram nas categorias de Escritório ("Edifício sobre a água", de Álvaro Siza Vieira e Carlos Castanheira, desenhado para a China), Arquitectura Cultural (Parque Natural do Fogo, do atelier OTO, para Cabo Verde) e Casas (Casa de Sambade, do atelier spaceworkers).

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Casa de Sambade - Spaceworkers (FG + SG)

Um edifício que já não existe

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Edifício sobre a água - Álvaro Siza Vieira + Carlos Castanheira (FG+SG)

Em declarações à agência Lusa, André Castro Santos, do atelier OTO, considerou que o galardão "é o reconhecimento do trabalho de excelência que se faz em Portugal": "Mais uma vez e, como tem acontecido praticamente todos os anos, os portugueses mostram que são muito bons em arquitectura, diria tão bons ou melhores até que no futebol."

Inaugurado em Março de 2014 com o intuito de apoiar a população de 1200 pessoas do Chã das Caldeiras, o edifício-sede do Parque Natural da Ilha do Fogo acabou por ser quase totalmente destruído em Novembro pela erupção vulcânica que afectou aquela ilha de Cabo Verde. No projecto — "muito especial — estiveram envolvidos André Castro Santos, Nuno Teixeira Martins, Miguel Ribeiro de Carvalho e Ricardo Vicente.

Apesar de ainda ser cedo para se falar na construção de um novo edifício, o arquitecto tem esperança de que isso possa vir a acontecer no futuro. "Pode ser que reconstruam noutra zona. Ficou quase completamente destruído. É possível que, com um novo financiamento, consigam reconstruir noutro local", disse. Sobre o futuro, André considera que o prémio do ArchDaily veio dar um "novo balanço" à equipa. "Vamos continuar a trabalhar para dar o nosso melhor, conseguir projectos que consigam surpreender as pessoas", concluiu.

"Boa notícia" para os portugueses na China

Já o prémio atribuído ao primeiro projecto de Siza Vieira na China foi muito bem recebido no país. "É uma boa notícia", considerou, em declarações à agência Lusa, Nuno Lobo, jovem arquitecto radicado há mais de sete anos em Pequim. "O prémio do 'Archdaily' mostra que a arquitectura portuguesa tem valor e que vale a pena as empresas investirem em arquitectos portugueses", acrescentou. 

Com 36 anos, Nuno Lobo é um dos mais antigos arquitectos portugueses residentes na China continental. Quando chegou, em 2007, eram "apenas cinco ou seis"; hoje são "dezenas", espalhados por várias cidades. Por isso, considera Sofia Castelo, arquitecta também estabelecida na capital chinesa, o prémio "é muito bom para Portugal e para os arquitectos portugueses que trabalham na China". "O facto de um edifício construído na China ser reconhecido a nível internacional é extraordinário. A construção na China ainda não tem a qualidade do que se faz na Europa", salientou.