NOS Primavera Sound 2015: ao quarto ano, o festival é para todos
Interpol, The Replacements, Antony and The Johnsons, Belle & Sebastian, Underworld, Run The Jewels e FKA Twigs são apenas alguns dos (muitos) destaques do cartaz do NOS Primavera Sound, que este ano tem um mini-festival para crianças
As contas de cabeça começaram há semanas, quando foi conhecido o cartaz do Primavera Sound de Barcelona. Pois bem, esses dias terminaram. O cartaz da quarta edição do NOS Primavera Sound, que se realiza no Porto de 4 a 6 de Junho, foi conhecido esta sexta-feira 13 (que de 13 terá muito pouco) e inclui Interpol, The Replacements, Antony and The Johnsons, Belle & Sebastian, Underworld, Run The Jewels, FKA Twigs e muito mais. Vejamos.
A Patti Smith (com "Horses" e em modo "spoken word") e Ride, artistas já anunciados oficialmente, juntam-se assim o barítono Paul Banks e os seus Interpol, que, depois de umas aventuras a solo, regressaram aos discos no ano passado com "El Pintor". Teremos lições de história com os lendários The Replacements, arquitectos da ponte que fundou o indie rock da década de 90 ("sem eles, a música em 2015 poderia ser muito diferente", escreve-se no blog do "NME"), agora a arriscarem uma nova vida, e os Underworld, que nos levam numa visita de estudo a "dubnobasswithmyheadman", álbum lançado há 20 anos e que eliminou fronteiras na música electrónica (uma lição de história de techno ao vivo, portanto).
Confirmados ainda o inconfundível Antony Hegarty, que se apresenta com os seus Johnsons para apontar canções certeiras ao coração (vai apresentar material novo em Barcelona), e os sempre ansiados Belle & Sebastian, acabadinhos de lançar o nono álbum de estúdio, "Girls in Peacetime Want to Dance". E mais regressos a caminho: o das aguerridas Babes in Toyland, que depois de um silêncio de vinte anos — actuaram no Imperial ao Vivo, em Gaia, em 1997 — prometem partir a loiça toda, e o de Mary Timony, ex-Helium, ex-Wild Flag, que está de volta, mais leve, com as Ex Hex.
Também marcam presença os mestres do experimentalismo rock Einstürzende Neubauten, que em "Lament", lançado em Novembro, reproduzem a banda sonora da Primeira Guerra Mundial. E, claro, não poderia faltar a banda fetiche do festival, os Shellac de Steve Albini. Thurston Moore está de regresso com a sua banda, depois de ter passado por Portugal no Verão, tal como Sun Kil Moon, projecto do ex-Red House Painter Mark Kozelek.
De Dan Deacon a Ariel Pink (e Manel Cruz)
Está ainda prometida uma viagem pelo que de melhor se fez na música nos últimos tempos. O hip-hop do "power duo" Killer Mike e El P, isto é, Run The Jewels e a pop futurista da menina-ovni FKA Twigs, que assinaram dois dos grandes marcos de 2014. O excêntrico Ariel Pink, super estrela independente, chega sem os seus Haunted Graffiti (assinou o primeiro trabalho a solo no ano passado com "Pom Pom") e o mestre da electrónica Dan Snaith, aqui Caribou, regressa a Portugal com o seu aclamado "Our Love". Mais boas notícias: teremos por cá novamente o "enfant-terrible" canadiano Mac DeMarco, a sensação soul Jungle, as canções orelhudas de Mikal Cronin, o noise visceral dos Health. E, na prata da casa, Manel Cruz, num concerto especial, em que passa em revista os vários projectos em que já esteve envolvido, o multi-instrumentista Bruno Pernadas e a Banda do Mar, do trio Fred Ferreira, Marcelo Camelo e Mallu Magalhães, a traçar um vaivém musical entre Portugal e Brasil.
Já sabemos, pela amostra de 2013, que é obrigatório ver Dan Deacon ao vivo e, em 2015, teremos uma nova oportunidade de estar numa festa de electrónica alucinada no Primavera — ainda para mais, o desconcertante músico lança um novo álbum, "Gliss Riffer", este mês. E, nesta sexta-feira 13, uma prenda para quem em 2012 lamentou o cancelamento dos Death Cab For Cutie: os norte-americanos também têm viagem marcada para o Porto. Ah, mais uma: os californianos Foxygen, que no ano passado desmarcaram as datas europeias. Damien Rice e José González trazem o seu folk intimista, enquanto que, noutro universo, os veteranos do doom Electric Wizard, os fúnebres Pallbearer e os apocalípticos Pharmakon prometer puxar o volume ao máximo. E ainda o super-grupo indie The New Pornographers e os Spiritualized de Jason Pierce.
O cartaz fica completo com os Giant Sand de Howe Gelb, o produtor Juan MacLean em formato "live", os efervescentes Viet Cong, e ainda Baxter Dury, Kevin Morby, The KVB, Marc Piñol, Movement, Ought, Roman Flügel, Twerps, Xylouris White, Yasmin Hamdan e Younghusband. O difícil será escolher, mas esses cálculos ficarão para depois, quando forem conhecidos os horários.
Mais do que um festival do 8 aos 80
Na conferência de imprensa, que teve lugar na Câmara Municipal do Porto num evento que foi aberto ao público e onde o cartaz foi revelado através de um vídeo ilustrado (sabe mais sobre as imagens aqui), soube-se ainda que ao quarto ano o NOS Primavera Sound abre-se ainda mais a novos públicos. "Não é um festival dos 8 aos 80, é mais do que isso", nas palavras do presidente da câmara, Rui Moreira.
Este ano, duas semanas antes do festival, o Parque da Cidade recebe o NOS Mini Primavera Sound, uma espécie de Primavera em "versão para crianças", perfeito para famílias. A ideia é manter a mesma "lógica musical", mas para os "mais pequenos", explicou Pedro Moreira da Silva, da NOS. E, à semelhança do ano passado, o Passeio das Virtudes acolhe os festivaleiros no Primavera nas Virtudes, de entrada livre. Os alinhamentos para ambos serão conhecidos em breve. Traçando um balanço da edição anterior (ver números à esquerda), o director do festival, José Barreiro, foi peremptório: "Conseguimos fazer deste festival um marco da cidade."
A quarta edição do NOS Primavera Sound realiza-se de 4 a 6 de Junho no Parque da Cidade, Porto. Os passes gerais, à venda nos locais habituais e no site oficial, podem ser adquiridos pelo preço promocional de 90 euros até 25 de Fevereiro, passando depois para 105 euros.