A nova provedora dos animais de Lisboa, Inês Sousa Real, assegurou nesta quarta-feira, 26 de Novembro, que pretende desenvolver a sua acção protegendo todos os animais que existem na cidade, independentemente da sua espécie.
"A minha missão, enquanto provedora, é proteger e salvaguardar os direitos dos animais e os seus interesses, considerando aqui todos os animais sencientes, que coabitam connosco na cidade de Lisboa", afirmou a responsável à Lusa, no final da cerimónia de tomada de posse, que decorreu nos Paços do Concelho.
A também jurista disse que vai incluir na sua função, "não só o cão e o gato", como também os animais utilizados para "espectáculos circenses, touradas, exposições de animais e venda". "Temos uma diversidade muito grande de animais na cidade", apontou Inês Sousa Real, referindo-se aos cavalos "usados quer nos circos, como nos coches e nas matas para limpeza" como para "entretenimento humano ou companhia" e, ainda, aos pássaros existentes na "fauna imensa nas matas e nos jardins" da cidade. A tomada de posso aconteceu na semana em que a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou a recomendação do PAN para o fim do licenciamento de circos com animais na cidade. A proibição definitiva está dependente de aprovação da câmara municipal.
A provedora, que tem experiência nos direitos dos animais, tendo tirado um mestrado em Direito Animal e criado a associação sem fins lucrativos Jus Animalium, composta por juristas, referiu que existem também raposas e esquilos no Parque Florestal de Monsanto, que estarão incluídos na sua missão.
Para Inês Sousa Real, os lisboetas estão mais sensibilizados para os direitos dos animais e exemplo disso é o "decréscimo muito grande [nos últimos anos] da assistência aos espectáculos como circos e touradas". "O ser humano, hoje em dia, já não se regozija com o sofrimento dos animais. E os laços sociais que se foram estabelecendo impõem hoje um outro tratamento", justificou.
Também presente na cerimónia, o vereador das Estruturas de Proximidade da Câmara de Lisboa, Duarte Cordeiro, indicou à Lusa que "a figura da provedora é fundamental", não só quanto à Casa dos Animais (canil e gatil municipal), como para o "apoio e implementação da lei contra os maus tratos". A estes motivos acresce o "papel importante na fiscalização" por parte do município", apontou Duarte Cordeiro.
A Casa dos Animais de Lisboa foi inaugurada no final de Julho, após obras no equipamento. Segundo o autarca, o município está a "regularizar o quadro de pessoal e o número de tratadores e apanhadores" do canil e gatil, assim como a modernizar "os equipamentos e a frota". Já o presidente do município, António Costa, frisou na sua intervenção uma alteração de "paradigma da relação do município com os animais".
Inês Sousa Real sucede no cargo à primeira provedora dos animais de Lisboa, a jurista Marta Rebelo, que apresentou a demissão menos de dois meses depois de ter sido nomeada a 18 de Junho. Numa longa carta publicada na sua página de Facebook, Marta Rebelo deixou duras críticas à autarquia, bem como à direcção de canil/gatil, acusando-a de "paternalismo". A jurista queixou-se das "dificuldades, inverdades, ausência de emergência e inexistência de urgência" em relação à Casa dos Animais.