Economia e criatividade: ou inovamos ou estagnamos

Se não surgirem mais empresas capazes de inovar e de incrementar a produtividade, a economia arrastar-se-á num longo processo de estagnação

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Simon Cunningham/FLICKR

A importância capital da criatividade e da criação dinâmica e inovadora nas economias mais desenvolvidas é um dado adquirido. A criatividade está, assim, no centro da criação de valor. Considerado o seu potencial, a criatividade afigura-se como essencial na criação de desempenhos laborais que, por implicarem um maior volume de qualificação aplicada e um grau mais efetivo de reflexividade, reconfigurem o padrão salarial português tendencialmente marcado por baixos salários, baixas qualificações aplicadas e com índices rarefeitos de utilização de modernos modelos de organização.

Nesse sentido, conclui-se pela necessidade de uma mais íntima relação entre a criatividade, a inovação e a produção de valor económico. Este é uma interação já presente, por exemplo, nas Indústrias Criativas onde as artes surgem como o seu núcleo central.

É da capacidade de articular contributos estéticos com a inovação de novos bens e serviços que mais pequenas e médias empresas dinâmicas podem, por um lado, criar mais emprego qualificado e, por outro, incrementar os parcos índices de produtividade em Portugal.

Este constitui-se como um duplo desafio para o sistema escolar. Isto é, aliar a introdução de elementos pedagógicos alinhados pela bitola da criatividade nos currículos académicos, com a consciência de que a capacidade de criar empresas e ampliar o tecido produtivo será uma exigência para as novas gerações. Portanto, a arte e a criatividade vinculam-se enquanto pilares do capital humano, elemento basilar para a reconversão do tecido produtivo português e europeu.

Mais concorrência

No contexto da inserção da economia portuguesa no mundo global, ou surgem mais empresas capazes de inovar e de incrementar a produtividade, e desse modo penetrarem e/ou criarem novos mercados, ou então a economia arrastar-se-á num longo processo de estagnação.

Neste capítulo da consolidação durável de economias abertas e dinâmicas a questão estritamente monetária é sumamente secundária, como Manuel Villaverde Cabral demonstrou recentemente. Ou para tentar ser mais preciso, não foi a moeda valorizada do euro que impediu o crescimento constante da produtividade das economias alemã ou irlandesa com a moeda única. Sem uma dinâmica concorrencial mais acentuada e sem uma aposta macroestrutural no incremento da produtividade, a economia portuguesa limitar-se-á a reproduzir os mesmos problemas de sempre.

Em resumo, importa levar em linha de conta a correlação virtuosa entre crescimento económico, políticas educativas de recorte criativo, investimento em inovação e alto valor acrescentado. Será da capacidade para articular estas vertentes no seio da União Económica e Monetária que a economia portuguesa poderá modificar o padrão do seu modelo de desenvolvimento económico.

Portanto, a partir da transformação estrutural das modalidades de incremento da produtividade, com especial destaque para apoios ao desenvolvimento de setores criativos e tecnológicos e para a produção de capital humano instilador de inovação.

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