Por causa do Árctico, a Lego vai deixar as bombas da Shell
Empresa estava a ser alvo de uma campanha da Greenpeace, pela sua parceria com a petrolífera que quer explorar o petróleo do Árctico
Bonecos e automóveis da Lego deixarão de ser distribuídos nas bombas de gasolina da Shell, que tem estado sob mira da associação ambientalista Greenpeace, pelas suas intenções de explorar petróleo no Árctico.
Um vídeo da Greenpeace, que mostra uma maré negra a submergir pessoas, ursos polares, cães e paisagens — tudo feito com peças de Lego — terá sido a gota de água para que a empresa desistisse de renovar um contrato que tinha com a Shell. O vídeo já foi visto por quase seis milhões de pessoas.
Num comunicado, o presidente da Lego, Jørgen Vig Knudstorp, demarca-se da campanha da Greenpeace e defende a parceira que tem com a Shell. “Uma co-promoção como a que temos com a Shell é uma dentre muitas formas que nos permitem levar as peças de Lego às mãos de mais crianças e atingir o nosso compromisso com os jogos criativos”, afirma Knudstorp.
“Como já dissemos antes, acreditamos firmemente que a Greenpeace deve ter uma diálogo directo com a Shell. A marca Lego, e todos os que apreciam os jogos criativos, nunca deveriam ter sido parte da disputa da Greenpeace com a Shell”, acrescenta o presidente da empresa.
Ainda assim, a Lego decidiu não renovar o contrato com a petrolífera. “Gostaríamos de clarificar que, na situação actual, não renovaremos a contrato de co-promoção com a Shell, quando o actual contrato expirar”, refere o comunicado. “Não queremos ser parte da campanha da Greenpeace e não vamos mais fazer qualquer comentário”, conclui.
O vídeo da Greenpeace é apenas uma parte de uma enorme acção contra a Shell, utilizando a Lego como chamariz, e que está em curso há três meses. A organização lançou uma espécie de petição online, na qual pede aos signatários que enviem um email ao presidente da Lego, exigindo-lhe que corte as relações com a Shell. Até esta quinta-feira, cerca de um milhão de pessoas tinham subscrito o apelo dos ambientalistas.
A página da petição mostra um urso polar sobre um cubo de gelo em forma de peça de Lego e a bandeira da empresa numa plataforma petrolífera ao fundo.
Para a Greenpeace, a decisão da Lego, que em princípio encerra uma parceria que vinha desde a década de 1960, é uma vitória. “É um enorme golpe na estratégia da Shell de estabelecer parcerias com marcas estimadas para limpar a sua imagem suja como explorador de petróleo no Árctico”, diz a organização, num comunicado.
Os ambientalistas temem que a exploração petrolífera tenha impactos graves numa área do globo relativamente intocada e frágil, e ameaçada também pelas alterações climáticas.
Um porta-voz da Shell disse ao diário britânico "The Guardian" que a empresa respeita o direito individual de expressão de pontos de vista, pedindo apenas que “o façam de uma forma que seja legal e não coloque a sua segurança, ou de outros, em perigo”.