A preparação foi “muito melhor” do que em anos anteriores, mas Portugal não “estará na máxima força” em Manchester, neste fim-de-semana, onde vai disputar a terceira etapa do Circuito Europeu de sevens. Em entrevista ao P3 Râguebi, Pedro Netto admite que as duas últimas rondas da competição servirão para avaliar alguns jogadores com vista a definir uma equipa que consiga no próximo ano o apuramento para os Jogos Olímpicos.
Como decorreu a preparação para as últimas etapas do Circuito Europeu?
Este ano arrancamos muito melhor. Começamos mais cedo e com um grupo de trabalho mais alargado. Este é, claramente, um começo muito diferente daquele que tivemos no ano passado. Há um projecto olímpico na mesa e concretizad. O envolvimento e compromisso que a federação está a assumir com os jogadores é totalmente diferente.
Quais são os objectivos de Portugal na competição?
Queremos terminar o Circuito Europeu nos seis primeiros. É esse o nosso objectivo. Mas para nós não é positiva a forma como a prova na Europa está dividida. Não faz sentido jogar dois torneios em Junho e depois outros dois em Setembro. Não nos favorece essa organização de calendário. Para estarmos na máxima força, seria necessário começar a época ainda mais cedo, o que foi de todo impossível com todas as condicionantes que existiram do final da época e da própria vida dos jogadores que não são profissionais. Começamos mais cedo, mas não vamos num momento de topo de forma.
Serão dois torneios que servirão para avaliar jogadores?
Com certeza que sim. Para ver a equipa, as combinações, para ver como aparecem os jogadores e se há alguns novos que põem dedo no ar. Era interessante que isso acontecesse.
Portugal vai defrontar em Manchester na fase de grupos a França, o País de Gales e a Alemanha. Que avaliação faz dos adversários?
Em relação à França e ao País de Gales, vai depender das equipas que apresentarem. Os franceses, por exemplo, ganharam a etapa de Lyon e depois em Moscovo apareceram com uma equipa mais fraca…
Que explicação tem para a diferença de comportamento de Portugal nas duas primeiras etapas: penúltimo em Lyon e segundo em Moscovo?
Treino e preparação. Se olhar para o calendário da época, jogamos os torneios de Londres e Glasgow do Circuito Mundial encalhados antes de uma final da Divisão de Honra e os clubes não quiseram que os jogadores jogassem esses torneios e para os jogadores essas também são as semanas mais importantes. Eu fui jogador e chegar a essa fase da época e lutar por ser campeão é especial. Tivemos três semanas de final de campeonato e na semana seguinte estávamos em Lyon. Com as condicionantes que houve durante a época e as indisponibilidades que existiram… Nós jogámos Lyon com cinco jogadores da I Divisão. Foi o que foi. Passadas três semanas conseguimos acumular mais algum trabalho e treino e estivemos mais ao nosso nível.
Em Manchester estaremos melhor do que estávamos em Moscovo?
Acredito que sim. Estamos com muitos mais jogadores. Posso dizer que neste arranque de época nunca tivemos menos de 21 jogadores no treino e que na época passada foram raros os momentos em que isso aconteceu. Os jogadores apareceram com muita vontade e estão muito motivados. Acredito que essa energia vai ser transportada para estes dois torneios.
Servirá também de preparação para o arranque do Circuito Mundial?
Sim, os jogadores vão aparecer com alguma carga nas pernas. É o momento certo para isso. Depois de terminar o torneio de Bucareste ficam a faltar duas semanas para partirmos para a Austrália, que é sempre uma etapa muito difícil para nós. É duro fazer a viagem para um fuso horário diferente, chegar e passados três dias estarmos a jogar o torneio. Mas queremos começar bem o Circuito Mundial…
Em 2014-15 haverá o problema de anos anteriores onde em Fevereiro e Março vários jogadores que começaram a época nos sevens transitam para o XV ou a prioridade será dada ao Circuito Mundial e à preparação olímpica?
Pontualmente, caso se venha a justificar, algum jogador pode alinhar pelo XV. Mas os jogadores do projecto olímpico, na altura do Torneio Europeu das Nações, não vão jogar pela selecção de XV. A prioridade é os sevens. Queremos qualificarmo-nos para os Jogos Olímpicos.