1. Mais curiosidade, menos exposição
Num mundo perfeito, as pessoas teriam mais vontade em ver do que em ser vistas, em demorar do que em acelerar, em conhecer do que em meramente anotar, em mergulhar no outro em vez de o evitar. A estranheza seria o pão nosso de cada dia, a par da bondade como o atalho mais simples e verdadeiro para a felicidade. Conhecer aboliria todas as fronteiras e todos os medos. Nenhum eufemismo seria permitido, nenhum preconceito cultivado, nenhuma máscara acalentada.
2. Tornar o privilégio o imoral
Nesse mundo, o privilégio seria imoral e a riqueza redistribuída de acordo com as necessidades das pessoas. Isso não significaria ignorar o talento de cada um, nem a diferença que cada qual transporta, mas sim reconhecer a dignidade de existirmos, a possibilidade de partilharmos recursos e o absurdo de nos medirmos pelos bens que possuímos. A competição mata e degrada, a diversidade-em-justiça é a chave de um cosmopolitismo sem exclusão. Quando se olha para o pobre como um falhado e se esquece que quem falhou foi a sociedade que o produziu, então a vertigem instalou-se como lei.
3. Fomentar o desejo ardente de futuro
Num mundo perfeito, as pessoas teriam um desejo ardente de futuro. A imaginação viveria de mãos dadas com a memória e a ninguém passaria pela cabeça dizer que "não pode ser de outro modo", ou que "não há alternativa". Em vez de se pensar em sentido único, usar-se-ia a encruzilhada e a bifurcação como método. Os cidadãos considerariam ser mais proveitoso perderem-se nas cidades do que engolirem GPS mentais.