Shapper utiliza nas suas pranchas cortiça, "a matéria-prima mais nobre"

A marca de pranchas DODO CORK Boards constrói os seus produtos em cortiça e tem materiais e mão-de-obra “made-in Portugal”. Vai estar presente no Fusing com o intuito de “sensibilizar para as questões ecológicas”

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Dodo Cork Boards

Dodo Cork Boards é um novo projecto português, criado por Fernando Simões, que além de impulsionador da marca é também quem “põe a mão na massa”. A Dodo fabrica pranchas para bodyboard e skate longboard a partir de cortiça.

“Queria diminuir o uso do plástico neste tipo de equipamentos desportivos, substituindo-o pela cortiça que, para mim, é a matéria-prima mais nobre”, explica Fernando Simões ao P3.

A marca vai estar presente no Fusing Culture Experience 2014, onde será oficialmente apresentada. “No Fusing quero dar a conhecer a Dodo, falar do nosso conceito, das intenções, sensibilizar para as questões ecológicas”, refere o criador da marca. 

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Prancha de Bodyboard que irá ser terminada no Fusing

“Não vou no intuito de as pessoas meterem a mão na massa, alguém se pode magoar. Talvez pegarem numa lixa e lixar um bocado de cortiça pode acontecer. 95 por cento do trabalho é manual, não é assim tão fácil como parece”, explica. “Vou levar uma prancha a meio da sua produção, não posso começar a construir do zero no festival porque ainda não tenho a patente registada e assim todo o investimento poderia ser em vão. Não será portanto mostrar a execução no seu todo”, esclareceu.

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Prancha de skate longboard

Um sobreiro por cada prancha

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Prancha de bodyboard

O grande objectivo deste projecto é unir a originalidade à sustentabilidade ambiental. Fernando refere que isto é o que o “distingue dos restantes shappers do mercado”. Por cada prancha vendida Fernando promete plantar um sobreiro.

Os produtos utilizados pelo shapper são recicláveis: cortiça, polietileno, rede de fibra de vidro e resina. Todos totalmente passíveis de serem reaproveitados. Fernando valoriza muito o que é português — a resina é a única matéria-prima que tem de importar.

Fernando é fiscal de obras públicas e um autodidacta no que toca aos conhecimentos de construção civil, que utiliza para construir as pranchas. Foi o facto de não conseguir estar “parado” que o levou a apostar numa área que, na sua opinião, precisava de algo mais.

Criou a Dodo porque, enquanto praticante de bodyboard, não se sentia realizado com o que o mercado oferecia. “Nas pranchas de plástico formam-se bolhas, por causa da água e perde-se a cor mais facilmente. Com a cortiça não, é mais duradoura, tem uma maior resistência ao calor e absorve a água mais rapidamente”, afirma. É Fernando quem constrói as pranchas, desde o início até ao fim do processo, o trabalho é “95 por cento manual”, diz.

Desempregado activo

Estava desempregado quando criou os primeiros modelos. “O ramo da construção civil está muito complicado.Só recentemente comecei a trabalhar numa obra”, reflecte o fiscal de obras públicas.

A ideia de criar este projecto já “tem uns cinco anos”. “A marca, propriamente dita, surgiu há cerca de dois ou três. Ainda não está registada, o que é um erro. Está em processo de patente, vou ter a resposta daqui a mais ou menos três semanas”, conta Fernando.

O crescimento da Dodo tem sido complicado. O shapper explicou que teve de parar durante uns tempos porque um dos produtos que utilizava deixou de ser comercializado o que o levou a ter de procurar alternativas. “Entre estudos e experimentações, demorei algum tempo porque tive de alterar o processo de fabrico” acrescenta.

A prancha mais recente é uma de Skate Cruising. Em stock tem algumas de bodyboard com “medidas padrão”. “Mas para os mais rigorosos posso fazer pranchas à medida”, adianta o shapper

A Dodo Cork Boards tem, actualmente, dois parceiros. A Granorte que acompanha a marca desde o seu início, fornecendo a cortiça utilizada nas pranchas e a Refresh Boards onde compra os núcleos internos dos artigos.

Os preços variam entre os 150 e os 300 euros, já com IVA — depende das especificidades e do tamanho da prancha.

As escolhas para o Fusing

“Não há nada em especial que eu queria ouvir no Fusing, não oiço nem conheço muito da música que se faz em Portugal. 90 por cento da música que oiço é californiana (Punk Rock, Ska e Reggae). Nasci no mesmo dia que o Bob Marley. Vou lá mais para conhecer o que se está a fazer em Portugal em termos musicais”, confessa.

Em termos de actividades também não há nada que se vá esforçar para não perder, a não ser as reuniões entre os shappers. “Vai ser muito fixe, tenho muito a aprender, ainda sou um pequenino neste meio. Vamos partilhar ideias e as ideias novas são sempre muito válidas”. “Se houver workshops de comida vegetariana também vou”, acrescenta o criador da Dodo Cork Boards.

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