Black & White com espectro da crise sobre os filmes portugueses

Festival decorre até sábado no Porto. Em competição vão estar 28 filmes, o maior número de sempre do evento

A 11.ª edição do festival audiovisual Black & White já arrancou na Universidade Católica do Porto, contando com mais de 40 obras em competição, incluindo seis filmes portugueses, interligados pela temática da crise.

Em declarações à Lusa, o director do festival, Jaime Neves, disse "não ser nada habitual" uma tão elevada participação portuguesa, que coloca o país apenas atrás da Alemanha no maior número de entradas a concurso. "Há uma característica: sobretudo as ficções abordam a questão do desemprego, da degradação da família em virtude de um dos membros do casal cair no desemprego", refere Jaime Neves, ressalvando que Portugal é o único país do qual se pode dizer haver um tema transversal, enquanto, por exemplo, Espanha, outro dos países do sul da Europa em crise, apresenta participações de comédias e trabalhos diversos.

A novidade da edição deste ano, que decorre até sábado, é a música portuguesa, que vai ter diversos momentos de homenagem ao longo do programa. Em competição vão estar 28 filmes, o maior número de sempre do evento, cinco trabalhos de áudio e sete de fotografia.

Esta quinta-feira, pelas 17h00, André Parente e Hilário Amorim, respondem pelas "artist talks". O primeiro aborda alguns dos seus trabalhos monocromáticos, enquanto o segundo apresenta o projecto videoclipe.pt, de divulgação de vídeos de música portuguesa, que o P3 publica todos os domingos. 

"Penso que o festival tem ainda um muito longo caminho pela frente, vai continuar a crescer, assim como a estética do preto e branco está constantemente a crescer", afirmou Jaime Neves, lembrando que, ainda este ano, a cerimónia dos Óscares norte-americanos contou com um nomeado para Melhor Filme a preto e branco: "Nebraska" de Alexander Payne.

O director do festival salienta a importância da missão de mostrar ao público em geral que o preto e branco "não é uma coisa maçadora", não é apenas para pessoas "altamente intelectuais" e que é de notar que, para os mais novos, as duas cores são algo completamente novo.