A Sexta de Bicicleta de (Dinis) Noca Ramos

O projeto myBikes ganhou notoriedade quando foi exposto no Museu do Design e da Moda, em Lisboa

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Noca é um conhecido designer de bicicletas. O seu projeto, myBikes, ganhou notoriedade ao ter um trabalho seu exposto no Museu do Design e da Moda (MUDE), em Lisboa. Este designer da comunicação desenvolve um projeto, em que grande parte da bicicleta é construída por si.

Profissão, idade, localização, filhos? Designer. Tenho 38 anos. Nasci em Aveiro e vivo na Gafanha da Nazaré. Não tenho filhos.

O que te levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?

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Penso que todos os habitantes da Gafanha da Nazaré, principalmente os que nasceram aqui ou que vivem aqui desde criança, acabam por responder o mesmo. A bicicleta é algo que sempre fez parte do dia-a-dia desta terra. É claro que uns usam mais do que outros mas o certo é que este conceito de bicicleta como meio de transporte é algo que pode ser testemunhado por todos. Eu sempre usei a bicicleta e agora cada vez mais é algo que faz parte da minha vida. Posso até dizer que é montado na bicicleta que mais trabalho. As melhores ideias que tenho tenho-as a pedalar. Nada melhor do que uma volta de bicicleta, em que passo horas a conversar comigo mesmo, para ir pensando naquilo em que ando a trabalhar.

De que formas usas a bicicleta à sexta-feira?

Não faz muito sentido enumerar todas as situações em que eu uso a bicicleta. Nunca se trata de uma opção, mas sim da primeira escolha. Mas é claro que também uso transportes públicos e o carro mas só mesmo, quando não posso usar a bicicleta. Infelizmente, apenas combino o uso da bicicleta com transportes públicos numa situação (Ferry para S. Jacinto).

Quando te inscreveste no Sexta de Bicicleta?

Quando fui abordado no sentido de dar o meu testemunho já conhecia o Sexta de Bicicleta. É uma iniciativa com a qual me identifico bastante e por isso mesmo fiquei super contente por ter sido convidado a participar.

Como te deslocavas antes?

Antes... Primeiro comecei a gatinhar (acho eu), depois a andar e muito cedo a pedalar. A bicicleta foi o primeiro meio de transporte que tive.

Que tipo de bicicleta ou equipamento?

Já tive um pouco de tudo mas agora tenho bicicletas de estrada, com mudanças e travões, e bicicletas “fixed gear”. Abandonei o BTT mas sinto que é algo que vai voltar a acordar em mim. Não só por ter saudades como também por ter muitos amigos que estão sempre a querer que eu me junte a eles nas suas voltas.

O que muda na tua vida nas sextas-feiras em que levas a bicicleta contigo?

O sorriso :)

Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

É-me difícil responder a isto. Talvez por ser utilizador desde muito cedo e não apenas como uma coisa recente. Por vezes ainda dou por mim a provar a amigos que nem sempre o carro é a maneira mais rápida de ir do ponto A ao ponto B. Há muita gente que ainda pensa na distância em quilómetros quando na realidade o assunto tem que ser abordado, como uma vez ouvi o Frederico Moura e Sá dizer, com o foco apontado ao tempo. Cada vez mais a distância mede-se em tempo e não em quilómetros e aí a bicicleta tem provado ser o melhor ou um dos melhores meios de transporte nos percursos urbanos. Ajuda, está claro, que as cidades sejam pensadas de maneira a que a bicicleta faça parte das mesmas.

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

O estado das nossas estradas.

Um momento em que te sentes mesmo bem a andar de bicicleta.

Pedalar com o dia a nascer. Nada melhor do que o cheiro duma manhã e o silêncio característico do dia a acordar.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?

(risos) É tão fácil sentir-me tentado a brincar nesta resposta... Gostava realmente era de ver gente com cargos de decisão no que diz respeito ao desenho de cidades e no pensar das mesmas a sair para a rua e pedalar. Não faz muito sentido tomar decisões sem que realmente se sinta na pele todos os problemas inerentes ao uso da bicicleta como meio de transporte. Há coisas que não se explicam mas sim sentem-se. Não sou dos que acha que devemos mudar as cidades por causa das bicicletas. Acredito, isso sim, que devemos pensar as cidades de forma a que a bicicleta faça parte da paisagem urbana assim como todos os outros veículos. Mas para isso é preciso mudar mentalidades. Nada melhor do que dar o exemplo.

O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na sua cidade é impossível?

A resposta à primeira pergunta acaba por dizer tudo. Aqui, na Gafanha da Nazaré, o uso da bicicleta é denominador comum a grande parte dos habitantes. Se eu acho que a cidade é convidativa ao uso de bicicleta? Apenas por ser plana mas está bem longe de ser exemplo no que diz respeito a boas condições das vias. Mas lá está, aqui o “andar-se de bicicleta” não é algo novo mas sim uma coisa natural. Já está fortemente enraizado no dia a dia da cidade e dos seus habitantes. É caso para dizer “o que não seria se houvesse uma aposta maior no convite ao uso da bicicleta?”.

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