Encontro na urgência antes de um confronto no campo

Quatro dias antes de defrontar a Geórgia, o médico ortopedista João Correia, capitão da selecção nacional, ajudou a prestar assistência a um atleta georgiano

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Portugal precisa de vencer no próximo sábado a Geórgia, mas apesar da importância da partida, João Correia, capitão da selecção nacional de râguebi, não pôde despir durante a semana que antecede o encontro a bata de médico.

E, quatro dias antes da partida, o talonador da equipa portuguesa ajudou a prestar assistência a um dos jogadores da selecção do Leste europeu, na urgência do Hospital de Santa Maria, onde é médico ortopedista, perante o espanto do atleta georgiano.

Em entrevista ao P3, o jogador, de 34 anos, admite que deixará a selecção nacional se Portugal falhar o apuramento para o Mundial 2015.

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Como está o ambiente na selecção nacional após a derrota na Roménia?

Ficou um pouco pesado. Não estávamos à espera de sair de lá com um resultado daqueles. Sabíamos que seria difícil, como é sempre na Roménia, mas o resultado final foi inesperado. Começamos muito bem o jogo, nos primeiros 30 minutos tivemos sempre a bola na mão, mas não conseguimos traduzir isso em pontos. E eles, sempre que cometemos erros, foram eficazes.

O Frederico Sousa, seleccionador nacional, disse no fim do jogo que o resultado foi ingrato. Concorda?

Sim. Nunca uma equipa portuguesa tinha conseguido ter tanta posse de bola contra a Roménia e nem três pontos fizemos. Foi ingrato sair com uma derrota e, ainda por cima, sem pontuar.

O que faltou para traduzir esse domínio em pontos?

Na minha opinião, um pouco de tudo. A equipa só trabalhou em conjunto durante uma semana e havia processos de jogo que não estavam entrosados. Houve também muita juventude e inexperiência. Contra uma equipa como a Roménia, isso paga-se caro.

Com essa derrota, chegar ao Mundial 2015 passa a ser uma missão quase impossível?

A nossa única hipótese é ganhar os quatro jogos que faltam e ficarmos à espera que a Rússia escorregue contra a Roménia e a Geórgia. Mas ainda é possível. Ainda acreditamos. O adversário seguinte é a Geórgia, que ainda é mais difícil do que a Roménia.

O que será preciso fazer para vencer?

Ter mais quatro treinos nas pernas e melhorar em alguns capítulos do jogo e da nossa mentalidade. Sabemos que a Geórgia é mais difícil do que a Roménia, mas temos que acreditar que é possível vencer.

Esteve no Mundial 2007, onde Portugal foi muito elogiado pela atitude que revelou em campo. Acha que actualmente não há a mesma mentalidade?

Acho que sim. A maior parte dos jogadores que compõe a actual selecção nacional estuda e tem a vida um pouco mais facilitada. Apenas dois ou três é que trabalham. Não sentem tanto na pele aquilo que sentimos na altura, que trazia união à equipa. Hoje, por exemplo, estou de urgência no hospital. Veio cá um atleta da Geórgia que se lesionou quando estava a treinar no Estádio Universitário e, quando me viu, perguntou-me o que é que eu estava aqui a fazer. Respondi que estava a trabalhar e ele ficou muito admirado, por ter o jogo no sábado. Mas eu não posso deixar de trabalhar.

O João Correia continua a ser apontado como um exemplo, pela forma como sacrifica a sua vida pessoal e profissional para continuar a jogar râguebi ao mais alto nível. Não tem conseguido passar o exemplo aos jogadores mais jovens?

Eles sabem e respeitam, mas como não têm que passar pelo mesmo, para alguns talvez passe ao lado. Numa equipa com 30 jogadores, há 30 mentalidades diferentes. Uns compreendem e acham uma motivação, mas...

Se Portugal falhar o apuramento para o Mundial 2015, o jogo frente à Espanha será o último que fará pela selecção nacional?

Sim. Se for convocado, vai ser. Já tinha decidido que nem ia fazer o torneio deste ano, mas depois achei que não faria sentir abandonar a meio da qualificação. Mas se não for possível estar presente no Mundial 2015, está mais do que certo que vou terminar a minha carreira internacional este ano.

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