A estreia de Portugal no Torneio Europeu das Nações, não correu da forma que todos pretendíamos, ou seja, não viemos de Cluj com o resultado ambicionado por adeptos e jogadores portugueses.
Portugal apresentou, como já era expectável, uma equipa diferente da que participou na Amlin Cup e no jogo de preparação com os England Students. Tivemos o reforço dos jogadores que jogam fora, o que trouxe mais experiência e consistência à equipa.
A Amlin Cup foi e será uma boa experiência para os jogadores, desde que percebem que o que os treinadores lhes dizem não é mentira. Isto é: é preciso trabalhar cada vez melhor. Têm que perceber que são acima da média no nosso campeonato, mas que para o alto rendimento ainda é preciso mais.
Mas treinar muito não significa que se seja melhor. Temos que ser mais objectivos e eficazes. Temos que aproveitar os treinos para treinar bem, para valer a pena.
Os reforços foram, quase na totalidade, para o sector avançado: dos sete titulares que alinham fora de Portugal, apenas um era dos três-quartos. Os dois pilares na primeira-linha - julgo que com o objectivo de conseguir uma maior estabilidade nas formações-ordenadas -, os segundas-linhas (em Portugal quase que não existe jogadores com a altura desejada), um asa com aptidão defensiva e um “8” que gosta de ter a bola na mão para progredir no terreno, cumprindo assim com o primeiro princípio que se pretende num jogo: avançar.
No três-quartos, o reforço no centro, passando um jogador que habitualmente alinha nessa posição para a ponta. Portugal apresentou assim uma equipa com alguma personalidade, tendo confrontado bem os romenos na primeira meia hora. Conseguimos jogar em toda a largura do campo, evitando o confronto físico directo. Tivemos alguma posse de bola, mas faltou alguma "chama".
Mantivemos o sistema de jogo preparado/treinado até sofrermos o ensaio. A partir desse momento, com algumas excepções, defendemos mais que atacamos. E sempre que cometemos erros, os romenos foram eficazes e marcaram.
A Roménia aplicou o sistema que melhor domina/sabe: perímetro curto sucessivos, a forçar o jogo pelos avançados. Algumas vezes tivemos bastante paciência e conseguimos recuperar bolas.
Uma das ocasiões em que os romenos demonstraram claramente o respeito por Portugal, foi quando converteram a última penalidade da primeira parte. Em frente aos postes e com a superioridade que tinham nas formações-ordenadas, optaram por chutar em vez de tentarem uns "prováveis" sete pontos.
O jogo só se tornou mais aberto após o segundo ensaio, em que arriscaram mais. Portugal demonstrou alguma consistência, mas com alguns problemas na transmissão de bola entre os médios - Emanuel Rebelo podia ter entrado mais cedo. Para abertura, as alternativas eram mais arriscadas e o jogo ao pé foi fraco. Nunca conseguimos criar pressão correcta no local de queda, de forma a possibilitar a recuperação da bola.
A formação-ordenada melhorou com a troca no decorrer da segunda parte e, nos alinhamentos, fomos inferiores aos jogos de Novembro. Ofensivamente faltou apoio ao portador da bola, e jogar na frente do adversário. Defensivamente, sempre que erramos, eles aproveitaram. Ora com penalidades, ora com maus posicionamentos.
Em termos gerais faltou alma, ambição, acreditar que podíamos (e sabemos) melhor. Numa apreciação individual, os melhores jogadores foram os jovens centros. José lima e Pedro Bettencourt estiveram quase sempre inconformados.
Portugal precisa, sempre, de XV jogadores em campo a lutar por todas as bolas e placagens. Precisamos, por exemplo, de pilares que apareçam no jogo aberto e recuperem bolas nos “rucks”. E de ousadia: cada bola na mão tem que ser aproveitada. Não podemos ter jogadores só a cumprir com a sua posição, quando se joga pela selecção. É preciso dar sempre mais do que 100%.
Acabo com umas breves palavras que idealizamos no primeiro estágio de preparação para o Mundial de 2007: "Querer é poder, crer é vencer"