As Sextas de Bicicleta de Inês Teles Afonso

Passar a levar as filhas à escola de bicicleta é o objectivo de Inês Teles Afonso, que investiu em alforges para poder transportar sempre muitas coisas

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Na sua profissão, faz complexos modelos de tráfego automóvel. Mas a forma como gosta mesmo de se deslocar é de bicicleta. Como tem uma vida ocupada, Inês tem uma perspectiva flexível sobre as formas de se deslocar para o trabalho. Ora usa a moto, o comboio, ou a bicicleta. O próximo passo é começar a ir de bicicleta com as filhas para a escola. No seio da discussão sobre o novo Código da Estrada, em que muitos se questionaram sobre a permissão dos ciclistas circularem a par, uma fotografia sua a pedalar a par com a filha mais nova tornou-se viral nas redes sociais, ao tornar claro que um dos motivos é a segurança dos utilizadores menos experientes. Chegámos até à Inês, que nos contou a sua relação com a bicicleta.

O que te levou a começar a usar a bicicleta para te deslocares?

A minha família materna é de Ílhavo, a terra das bicicletas. A bicicleta sempre fez parte das deslocações, idas às compras, à praia, ao clube de vela, em passeio, à casa dos amigos. Em Lisboa, ia de bicicleta para universidade. Não me lembro de ter colegas a fazer o mesmo, mas para mim era uma coisa normal, fazia desporto e sentia-me independente. Na altura, em 1995, não era normal os estudantes terem todos carro. Tinha um divertimento que era fazer corridas com uma amiga que ia de metro: eu deixava-a na boca de metro e, quando ela chegava à sua estação final, eu estava à sua espera! Nem sempre ganhava eu, mas divertia-me sempre. Actualmente, venho de bicicleta de casa para o trabalho. Muito por influência de um amigo que mora perto de mim e que usa a bicicleta regularmente. Ele acompanhou-me na primeira viagem e depois, vencida a barreira de pensar que é difícil, tornou-se um hábito.

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De que formas usas a bicicleta à sexta-feira? 

Sexta-feira é dos melhores dias da semana, pois vem aí o fim-de-semana. Sendo assim, venho de bicicleta para o trabalho, porque realmente é uma coisa que me dá gozo. Se tiver companhia, faço percursos diferentes no regresso. E isso é a melhor parte.

Como te deslocavas antes?

Antes de perceber que a bicicleta é fantástica, ia todos os dias de mota.

Que tipo de bicicleta ou equipamento?

Tenho uma bicicleta que penso ser da categoria urbana. Já não é nova, é pesada mas não me queixo. Considero o equipamento importante. Estarmos bem iluminados, principalmente. Como transporto sempre muitas coisas (mala, comida para o jantar, casaco, sapatos…) tenho uns alforges que aguentam com tudo.

O que muda na tua vida nas sextas-feiras em que levas a bicicleta contigo?

Sinto-me mais saudável, mais divertida e mais bem preparada para o fim-de-semana, porque de bicicleta começo logo a relaxar.

Existem alguns mitos (sobre a utilização da bicicleta) que tenhas vencido?

Sim, o mito de que 20 quilómetros por dia em Lisboa, com colinas pelo meio, é difícil. Não é. É um excelente percurso!

O que poderia melhorar nos percursos que realizas?

Há alguns trechos do percurso onde uma ciclovia seria muito bem-vinda, como as avenidas Dr. Alfredo Bensaúde e Cidade do Porto.

Um momento em que se sentes mesmo bem a andar de bicicleta.

De manhã, na ida para o trabalho é um desses momentos.

Uma pessoa da praça pública que gostarias de ver a andar de bicicleta e porquê?

O António Zambujo, assim quando passasse por ele pedia-lhe um autógrafo.

O que tens a dizer a quem diz que andar de bicicleta na sua cidade é impossível?

Que vive no engano e que está na hora de mudar de vida.

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