Diferentes "e-books" com traduções inglesas de "Mein Kampf", o manifesto nazi publicado por Adolph Hitler há quase um século, estão a subir nos tops de vendas da Amazon, enquanto versões livres da obra terão já sido descarregadas mais de cem mil vezes, noticia o diário inglês "The Guardian", que se baseia numa investigação do autor do blogue "Vocativ", Chris Faraone.
Faraone andou a consultar as listas temáticas da Amazon e constatou que uma das versões "e-book" de "Mein Kampf" era o livro mais vendido na secção “Propaganda e Psicologia Política”, enquanto uma outra estava bem posicionada no tópico “Globalização”.
A Amazon comercializa mais de uma centena de edições de "Mein Kampf" nos mais variados formatos, de volumes em papel com capa dura ou mole, passando por áudio-livros, até edições digitais. Entre as dez mais vendidas estão seis e-books.
Recordando que o livro só chegou aos tops nos Estados Unidos quando ali foi publicado, em 1939, e que desde então as respectivas vendas nunca pararam de descer, Faraone sugere que esta súbita procura se deve ao facto de "Mein Kampf" poder agora “ser consumido na privacidade dos nossos iPads”.
“As pessoas podem não querer comprar 'Mein Kampf' na Borders [uma conhecida rede americana de livrarias], escreve Faraone no seu blogue, “ou recebê-lo em casa pelo correio, ou tê-lo exposto nas prateleiras da sala de estar, e ainda menos lê-lo no metro, mas a julgar por centenas de comentários on-line [de utilizadores da Amazon], os leitores apreciam que se possa descarregar discretamente uma cópia digital, e depois guardá-la ou apagá-la”.
Faraone observa que comentários semelhantes foram feitos em relação ao "best-seller" erótico "As Cinquenta Sombras de Grey", mas que, “comparados com 'Mein Kampf', livros sobre correntes e cabedal parecem bastante 'soft core'”.