Polícias e militares vão levar protesto “até ao fim”

Forças de segurança e militares juntaram-se em protesto pela primeira vez por uma “causa comum”: o descongelamento de carreiras.

Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos

Esta quarta-feira, militares e polícias substituíram as fardas por T-shirts que pediam o descongelamento das carreiras para participar numa vigília que começou às 18h e juntou cerca de cem pessoas, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa. O protesto não tem data prevista para terminar. 

No caso de a vigília não funcionar, César Nogueira, presidente da Associação dos Profissionais da Guarda — uma das sete envolvidas no protesto —, diz que estão dispostos a “ir até ao fim” e a fazer outro tipo de acções, nomeadamente manifestações.

Antes de se juntarem para esta vigília, os polícias e militares enviaram uma moção ao primeiro-ministro e um documento ao Presidente da República, exigindo o descongelamento das carreiras. Foi depois da falta de resposta que decidiram organizar o protesto.

A participação conjunta de militares e polícias num protesto deste género é inédita, dizem os sindicatos e associações envolvidas na organização. A “causa comum” pela qual lutam foi o que motivou essa união. Da parte das forças militares, o tenente-coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, declara que “quantos mais somos e mais unidos estamos, maior poder temos”.

“O Orçamento do Estado, no seu artigo 19, prevê que os corpos especiais sejam envolvidos nas negociações tendentes ao reposicionamento dos militares e forças de segurança nas posições remuneratórias a que tinham direito se não houvesse congelamento em 2011 e 2017”, explica o tenente-coronel. Mas isso não estará a acontecer, dizem. César Nogueira também pede que “cumpram a lei que diz que têm de negociar com as associações”.

Quanto às promoções anunciadas recentemente tanto para os polícias da PSP como para os militares da GNR, César Nogueira e Paulo Rodrigues, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, frisam que são promoções relativas a 2017 e que isso não será suficiente. “Foram uma tentativa de desmobilizar esta acção”, acusa o representante dos profissionais da Guarda. Paulo Rodrigues defende que foram promoções que "não se conseguiram fazer em 2017 e que estão agora a ser mal feitas". "Em Março, o ministro disse no Parlamento que iam ser promovidos 2290 profissionais, quando só 1500 estão a ser promovidos."

Ao fim da tarde, os representantes das sete associações e sindicatos envolvidos na vigília — Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Associação dos Profissionais da Guarda, Associação Nacional de Sargentos, Associação de Oficiais das Forças Armadas e Associação de Praças, Associação Nacional de Sargentos da Guarda e Sindicato Independente dos Agentes de Polícia — foram recebidos pelo chefe da Casa Militar, o tenente-coronel Vaz Antunes. “Apenas explicámos as nossas reivindicações”, conta César Nogueira. E sublinha: “A vigília continua.”

Para o mês de Maio estão previstas mais acções de protesto. A 4 de Maio o Sindicato dos Profissionais de Polícia promove uma concentração junto à direcção nacional da PSP, também em Lisboa. Por sua vez, o Sindicato Nacional da Polícia vai distribuir folhetos em pontos de passagem de turistas entre 8 e 12 de Maio, altura em que a capital recebe o Festival da Eurovisão.

Sugerir correcção
Comentar