A empresa que gere a recolha e reciclagem de lixo de oito concelhos do Grande Porto, a Lipor, vai premiar os utilizadores dos ecocentros da Formiga (Ermesinde) e Cal (Gondomar), oferecendo-lhes um cartão que em troca do depósito de resíduos acumula pontos que dão direito a descontos em bens e serviços. O projecto Ecoshop vai ser ainda alargado, no concelho do Porto, às empresas que utilizam a Linha Ecofone para recolha, ao domicílio, de material para reciclagem.
Este projecto-piloto da Lipor, que tem como parceira a Sociedade Ponto Verde, estende para a área da reciclagem um conceito que enche as nossas carteiras de cartões plastificados. A diferença é que premeia quem dá (resíduos, no caso), e não quem compra. Em todo o caso, tal como outros, poderá incluir descontos em combustíveis, admitiu o gestor da iniciativa, Emanuel Monteiro. As parcerias comerciais ainda não estão fechadas, mas se não chegar a acordo com uma das petrolíferas, a empresa multimunicipal poderá entregar vales com os respectivos descontos a quem tiver pontos para isso.
O funcionamento do cartão, que começará a ser entregue este mês, é simples. Se alguém depositar num ecocentro três quilos de papel, são-lhe creditados oito pontos, por exemplo. O valor de cada depósito está especificado no regulamento. No mesmo documento está indicado que tipo de material pode ser depositado: baterias, embalagens contaminadas, entulho, esferovite, lâmpadas, madeira, monstros não metálicos, óleos alimentares e minerais, papel/cartão, pilhas, plásticos, roupa, resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos, sucatas, tinteiros e "toners", vidro e restos de verdes.
Em troca dos pontos, um conjunto de empresas aceitou dar benefícios aos melhores “fornecedores” da Lipor. Que são distribuídos em quatro categorias, por “nível de consciência ambiental”: até 250 pontos, até 500, até mil e acima de 5000. Os mais “recicladores” podem chegar a ganhar um "tablet" ou um telemóvel de tipo "smartphone". Emanuel Monteiro espera que as parcerias venham a incluir a área do retalho e de serviços como oficinas de reparação automóvel, pois a ideia, assume, é que os benefícios toquem nas “necessidades básicas do dia-a-dia” das pessoas, ajudando-as a poupar enquanto cuidam do ambiente.
O gestor do projecto explica que o projecto-piloto vai durar um ano, período findo o qual será avaliada a sua continuidade. Para o levar a cabo, a empresa que tem como accionista oito municípios da região instalou leitores de cartões nas áreas de depósito dos dois ecocentros, e software para gestão dos pontos e respectivos aderentes. Não há mais custos, nota Emanuel Monteiro, assinalando que a equipa do projecto — que nasceu de um concurso de ideias — é interna.