Quantos de vocês não têm vontade de fugir a sete, oito ou nove pés mal ouvem o "zzzzzz" de uma abelha? Eu, com a fobia que tenho da famosa picada, até a mil pés fujo! Não obstante, apesar da minha apifobia de nível mil, pela primeira vez consigo nutrir algum fascínio pelo insecto de riscas amarelas.
Porquê? Uma investigação que está a ser desenvolvida pela empresa britânica Inscentinel tem como objectivo utilizar abelhas para detectar, através do hálito ou da urina, doenças como a tuberculose e o cancro — se estas ainda se encontrarem numa fase inicial de desenvolvimento.
Baseando-se nessa mesma investigação, a designer portuguesa Susana Soares criou um dispositivo de vidro que poderá ser usado na detecção de cancro com ajuda da grande sensibilidade das nossas amigas abelhas.
Tudo isto é possível graças ao seu refinado sentido olfactivo capaz de encontrar os chamados bio marcadores destas doenças presentes no hálito humano.
Como é que tudo isto funciona?
O dispositivo que foi desenvolvido é um objecto de vidro que tem uma pequena abertura onde se deve soprar. Este sopro fica retido num pequeno contentor, dentro do cilindro maior. Quando um odor desconhecido é identificado, as abelhas ficam perturbadas e vão deslocar-se em massa para aquele pequeno contentor onde o hálito ficou retido, dando a perceber assim que algo não está bem.
Este pode ser, sem dúvida, um grande avanço na prevenção e diagnóstico destas doenças. Afinal, ao detectar a doença numa fase inicial de desenvolvimento, ainda há possibilidade de tratamento e, realmente, é impossível não nutrir fascínio por estes pequenos insectos, sabendo que possibilitam tudo isto apenas com um dos seus sentidos.
Agora pode ser que da próxima vez que ouvir o "zzzzz", se a minha apifobia o permitir, talvez consiga admirar o encanto deste insecto que nos dá mel e permite a magia da polinização.