Se há pessoas de quem espero recordar-me para sempre, por não envelhecerem ou por o seu legado permanecer intocável e memorável, uma delas é, certamente, Michael Schumacher. Recebi, por isso, com surpresa e tristeza a notícia do seu grave acidente de esqui nos Alpes franceses, que o deixou em coma.
Não deixa de ser um pouco irónico que tenha sido uma descida de esqui, numa estância de neve, a travar o melhor piloto de sempre (estatisticamente) de Fórmula 1. Ao longo da sua carreira, Schumacher participou em mais de 300 corridas na categoria rainha do automobilismo. Em cada uma delas colocou a sua vida em risco — porque é isso que os pilotos de Fórmula 1 fazem — em troca de salários exorbitantes e de reconhecimento sem fronteiras.
O circo da Fórmula 1 foi, é e será isto mesmo: uma mistura de sensações e de emoções; uma modalidade mítica, apaixonante e espectacular, globalmente apreciada e capaz de movimentar rios de dinheiro. O perigo anda sempre à espreita deste tipo de desportos e de desportistas que ganham um gosto especial pelo risco.
Ao longo das 16 temporadas a conduzir monolugares (possui o record de 91 vitórias), o piloto alemão nunca teve um acidente muito grave e o máximo que lhe aconteceu foi fracturar a perna direita no Grande Prémio da Grã-Bretanha de 99. Voltou a competir apenas sete corridas depois, mostrando, já aí, a sua força e capacidade de resiliência.
Schumacher foi dono de um talento invulgar e inquestionável. Nos seus anos áureos na Ferrari, onde conquistou cinco dos seus sete títulos de campeão do mundo, mostrou uma consistência ímpar e uma frieza, concentração e confiança que o elevaram automaticamente a lenda da Fórmula 1, tamanho foi o domínio por ele exercido sobre os seus adversários.
O asfalto parecia não ter segredos para Schumacher. Infelizmente, a neve revelou-se-lhe mais traiçoeira. A imprensa mundial e as redes sociais inundam-se de notícias e de mensagens emotivas e solidárias. Os amantes do desporto, e não só, estão atentos à evolução do estado do “campeoníssimo” piloto alemão, a poucos dias de festejar 45 anos. A sua situação é crítica, mas espero e acredito que Michael Schumacher, com o melhor acompanhamento médico de que dispõe, poderá recuperar e continuar a ser um ídolo e um exemplo para várias gerações.
Só precisas de mais uma vitória, a mais importante da tua vida. Força, Schumi, não desligues o motor!