Inventámos a pólvora e procurámos “ver o que mais ninguém viu”. Fizemos greve, manifestamo-nos, lutámos contra o cancro. Emigrámos e voltámos. Criámos pontes com o mundo. Defendemos os nossos — e os vossos — direitos. Lutámos pela “street art” no fim da rua, fotografámos no fim do mundo. Por isso, porque passámos o ano de 2013 a conhecer pessoas que vale a pena conhecer, decidimos recuperar dez histórias e pedir a vossa ajuda para escolher a P3rsonalidade de 2013. Basta votar neste link (os votos nos comentários não são quantificados).
Vamos rever os candidatos:
Em Fevereiro, não nos cansámos de olhar para as fotografias de Daniel Rodrigues, o quarto português da história a ser distinguido com um prémio World Press Photo. O fotógrafo de 25 anos estava desempregado e tinha vendido o material fotográfico para fazer face às despesas. “Há muito talento que acaba no supermercado”, disse ao P3 o autor de uma fotografia na Guiné-Bissau que por momentos simbolizou uma geração.
Esse também foi um dos denominadores comuns entre as nossas escolhas. Duas semanas depois, Joana Manuel deixou emocionou muitos com um discurso sobre precariedade e ausência de futuro. “Mais grave do que roubarem-nos o futuro é roubarem-nos o presente”, lamentou a actriz e cantora de 36 anos. Ela via “um deserto à frente”. E, como ela, muitos contrariaram essa aridez — como por exemplo Vasco Portugal, investigador que desenvolveu um carregador sem fios para carros eléctricos. Ou como Zita Martins, a astrobióloga do Imperial College London que investiga o papel dos meteoritos na origem de vida na Terra e que, este ano, apostou na criação de pontes entre cientistas portugueses e a Royal Society.
Nuno Maulide é um dos cientistas que se distinguiu em 2013. Tem 33 anos, é químico orgânico (também toca piano) e foi premiado pela Bayer com um prémio de excelência no valor de dez mil euros. Foi o primeiro português a receber esta distinção. Com a mesma idade, Mara Freire ganhou uma bolsa de 1,4 milhões de euros do European Research Council — Conselho Europeu de Investigação, uma espécie de Prémio Nobel da investigação na Europa. Com a mesma idade, Hugo Veiga idealizou (com Diego Machado) a campanha “Dove Real Beauty Sketches” que pôs meio mundo (ou o mundo inteiro?) a falar sobre ele sem saber. O filme ganhou o Grand Prix de Titânium. Hugo foi o primeiro português a ganhar esse prémio e também o primeiro a ser eleito melhor criativo do mundo (segundo o mesmo festival) depois de ganhar 23 Leões com cinco projectos diferentes.
Mas não foi (só) o ano dos trintões. Em Junho, enquanto os professores faziam greve, Inês Gonçalves, 18 anos, escreveu uma nota no Facebook (neste momento partilhada por 14.307 pessoas) em que defendia... os professores. “Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!”
Muitos se moveram também pela conservação da arte de rua no ano em que foi aprovada a Lei n.º 61/2013. No Porto, Hazul viu-se envolvido numa guerra entre Rui Rio, então presidente da câmara, e os “writers” da cidade. Muita tinta correu e a grande maioria das obras com a assinatura Hazul sobreviveram.
O ano terminou com mais uma batalha ganha. Tiago Brandão Rodrigues, investigador em Cambridge, apresentou uma técnica de ressonância magnética para detecção precoce do cancro.
Vamos a votos?