A arte de Banksy por pouco mais de 40 euros?
Foi nos arredores do Central Park que o artista britânico montou uma banca para vender os seus trabalhos. No final, a maior parte voltou para o caixote. Talvez porque ninguém quis acreditar que ali estavam obras originais
Quando uma obra de Banksy aparece num qualquer leilão de arte pode valer vários milhares de euros. Mas quando é o próprio artista que decide pôr à venda os seus trabalhos, numa manobra irrepetível, têm o preço único de 60 dólares (pouco mais de 44 euros). Foi o que aconteceu este sábado em Nova Iorque. Não houve aviso, passou despercebido a alguns e ao final do dia ainda muitas telas estavam por vender. Mais depressa a maioria das pessoas pensou que na banca montada nos arredores do Central Park estavam falsificações do que originais do icónico artista britânico.
Banksy não apoia o mercado da arte. Quem há muito tempo segue o artista sabe que quando uma ou outra obra do britânico aparece em leilão é porque esta foi “retirada” de alguma parede, sem a autorização do artista, que por várias vezes já se manifestou contra a venda dos seus trabalhos. No seu site, por exemplo, existe um separador para a loja online, onde na verdade, não há nada à venda – Banksy disponibiliza os seus próprios desenhos para impressão. É uma espécie de "faça você mesmo". Quer uma caneca, uma t-shirt ou um saco com um trabalho de Banksy? Imprima e mande fazer em qualquer lado. Neste momento este separador só não está disponível porque o site de Banksy está dedicado à sua residência em Nova Iorque.
Foi aliás, no âmbito desta iniciativa, intitulada Better Out Than In, na qual Banksy todos os dias, durante o mês de Outubro, revela um novo trabalho nas ruas de Nova Iorque, que o artista instalou uma banca de venda nos arredores do Central Park. No site, transformado em diário desta residência, Banksy divulgou este domingo um vídeo, a contar a acção. “Ontem montei uma banca no jardim para vender telas 100% originais assinadas por Banksy. Cada uma por 60 dólares”, lê-se no site do artista natural de Bristol, Inglaterra, cuja identidade ninguém conhece. E para aqueles que ainda pensaram que por estes dias encontrariam a banca, o artista deixa ainda uma mensagem: “A banca já não vai estar lá hoje”.
No vídeo, registado por uma câmara oculta, vê-se que a primeira venda acontece apenas da parte da tarde. Ou seja, de manhã a banca passou despercebida ou pelo menos ninguém lhe deu valor. E mesmo quem comprou, não teria a certeza do que estava a comprar. Assim se nota na primeira venda do dia que acontece às 15h30 quando uma senhora decide comprar duas telas para oferecer aos seus filhos. E isto, só depois de ter negociado um desconto de 50%.
Meia hora depois, uma senhora da Nova Zelândia, como é identificada no vídeo, compra duas obras. Mais de uma hora depois, volta a acontecer uma nova compra. Quando um homem de Chicago compra quatro telas para “decorar a sua nova casa”.
Às 18h00, a banca fecha e as telas são arrumadas. O saldo da venda foi de 420 dólares (aproximadamente 310 euros), um valor que contrasta com o stencil de uma criança que costura bandeiras do Reino Unido e que em Junho foi vendido em leilão por um milhão de euros.