Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains ou ainda Bush e Stone Temple Pilots são algumas das bandas que marcaram uma época e uma geração: a geração grunge!
Não sou músico nem vivia em Seattle no fim dos anos 80, início dos 90. Limitei-me, por isso, a ter a sorte de ser adolescente na época em que o grunge explodiu à escala mundial. O resto foi amor à primeira escuta dos sons poderosos, inovadores e únicos que estas bandas produziram.
Pouco me importa discutir qual era a melhor banda do movimento, até porque cada uma delas conseguiu ter um estilo próprio, o que as torna quase que incomparáveis: ninguém teve a simplicidade bruta dos Nirvana (alicerçada na personalidade criativa, crua e mórbida, mas verdadeira, de Kurt Cobain); ninguém igualou a qualidade vocal que Chris Cornell emprestou aos Soundgarden e aos Temple of the Dog; ninguém inovou tanto, ao nível da musicalidade, como os Pearl Jam quando fizeram nascer “Ten”, um álbum que perdura até à actualidade como um dos melhores da história do rock.
Roupas simples (jeans justos com camisas de flanela aos quadrados, ou "t-shirts" com casacos de malha por cima, e botas militares) e uma atitude anti-estrelato caracterizavam este movimento que trouxe para a ribalta uma música poderosa: mais melodiosa que o punk mas sem os melaços comerciais da pop que dominou a cultura musical nos anos 80… Sinto-me, orgulhosamente, um membro da geração grunge. Ainda hoje me identifico com a honestidade, simplicidade, crueza e originalidade que este movimento proclamava e protagonizava.
A sua mensagem era a música, e as letras que cantavam, e não um qualquer "show off" baseado em luzes, brilhantinas e bailarinas (recordem-se o tipo de espectáculos ao vivo que estes grupos produziam ou mesmo a relutância que alguns tinham em fazer videoclipes). Nesse tempo, a MTV tinha como grandes êxitos os singles destas bandas ou as actuações ao vivo e sem corrente ("unplugged") que algumas delas fizeram nesse canal de música. Talvez os casos mais paradigmáticos tenham sido protagonizados pelos Nirvana: com o videoclipe “Smells like teen spirit” (que hoje é peça de culto) ou com o espectáculo unplugged de 93, em que os Nirvana, de banda pós punk de intensidade máxima se transmutou numa banda intimista, sem perder pitada de intensidade e poder pois que a verdade da sua música e das suas letras se tornaram ainda mais transparentes.
Sei bem que cada geração tem as suas bandas de culto mas, se pudesse escolher, só hesitaria com a alternativa de ter sido adolescente nos anos 60/70, para que as minhas marcas musicais mais profundas tivessem sido cravadas por bandas como os Doors ou os Led Zeppelin. De resto, não podia ter tido mais sorte. Para um amante de música, foi um privilégio ter sido adolescente (ser ainda uma peça de barro por moldar) na era do grunge, que tanta verdade acrescentou à música rock.
O Deus do grunge (Cobain) já morreu mas transformou-se num mito. Outros, como Chris Cornell (com as suas incursões a solo ou em novos grupos) ou os ainda activos Pearl Jam de Eddie Vedder, continuaram a produzir material de qualidade, ainda que tenham já abandonado o grunge. O movimento terminou, consagrou-se e a música está aí, gravada para a posteridade. Mais que isso, só o sentir que o grunge faz parte de mim.