Não sou a primeira pessoa nem serei a última a escrever sobre Lisboa e a fotografar os seus detalhes e lugares. Todavia, acho que cada relação entre uma pessoa e uma cidade é profunda e única: portanto, há sempre uma história que vale a pena contar, ouvir e olhar.
Agora, quero narrar a minha Lisboa, a cidade na qual vivi como estudante de português, mas onde nunca me senti estrangeira; a cidade que me recebeu com amor desde o primeiro momento e pela qual me apaixonei.
Estas fotografias e estas palavras são um necessário agradecimento a uma cidade única no mundo, a um povo sempre respeitoso, modesto e digno, consciente de ser herdeiro dum passado rico, mas também uma homenagem a uma outra tipologia de beleza, a uma cultura que não é aquela ordinária dos séculos duma história preciosa, dos descobrimentos dos caminhos do mar e dum outro mundo.
Nem só os conhecidos cenários turísticos me encantaram: claro, gostei muito dos bairros de Alfama, das cores pastel do centro histórico e da modernidade brilhante de Marquês Pombal; mas foi seduzida também pelos contrastes que fazem de Lisboa uma cidade multíplice e harmónica, por uma outra tipologia de arte que se faz nas ruas, com as pessoas, que existe sozinha e que às vezes está esquecida.
As minhas fotografias querem contar o fascínio do abandono de Alcântara e os seus grafismos, os cenários futuristas de Oriente, os reflexos num Tejo solitário e reluzente. Aqui, entre os pretos, os brancos e os cinzentos, eu encontrei a beleza e o fascínio também nos detalhes menos comuns, nas coisas que estão abandonadas e deixadas a si mesmas, num silêncio eterno, numa solidão perpétua.
Obrigada, Lisboa, por me teres dado emoções também com as tuas particularidades menos ordinárias e para me teres confirmado que a beleza está em qualquer lugar e também nos olhos de quem olha.
Até já, até sempre, minha querida Lisboa.