Faça chuva ou faça sol, de férias ou a trabalhar, no país ou fora do país, as gafes estão em todo o lado. As mais caricatas são as linguísticas, mas, as mais comuns, são as da escrita. Já cometeu a sua gafe hoje?
Ao escrever esta crónica, arrisco a cometer uma gafe, neste emaranhado de gafes. Como estamos numa era de compras e vendas virtuais, até as gafes têm consumidor final.
E quando uma boa gafe corre o mundo?, num ápice, transformando-se no assunto destaque. Que importância tem uma gafe de outrem na nossa vida? (Vamos esquecer agora as “gafes” da Judite.)
Enquanto fazia "zapping" (outrora), entre os canais portugueses, estrangeiros, (e dava uma olhadela nas redes sociais), deliciei-me a ouvir a jovem candidata a deputada; a australiana Stephanie Banister, nas suas barbaridades culturais, mas consciente das suas afirmações, convicta da sua realidade universal que articulava em simpáticas palavras... minutos a seguir, era aplaudida (como julgada!) por quem gosta de uma boa gafe televisiva. As suas gafes foram sucessivas, e a cereja no topo do bolo, já tinha cristalizado; mas como diz o provérbio, tão tipicamente português: “Luar de Janeiro não tem parceiro; mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto.”.
Deixando a Oceania e voltado à Europa, de Herman (não o de José) mas o Van Rompuy, (mas, que alguns ainda pensam que é de Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota), mais propriamente, Portugal. Às vezes penso que as gafes se refugiaram no país, no meu país, (quando leio/ouço alguma gafe estrangeira, porque as gafes também têm nacionalidade, fico contente, porque afinal não há só gafes de nacionalidade portuguesa), e ninguém me tira da ideia que muitas mais surgirão. E eu fico com vontadinha de sabê-las todas — “A galinha da vizinha é sempre melhor que a minha” —, mas, também é caso para se dizer: Precisam-se de portugueses para corrigir português!
Mas como tudo na vida, há gafes e gafes. Há gafes que já pertencem ao nosso quotidiano, já se entranharam na nossa cultura linguística; já há uma justiça perante elas (deixaram de ser valorizadas e passaram ao anonimato); outras, fazem as delícias dos mais atentos, dos mais curiosos, dos mais perspicazes “historiadores linguísticos”, que rapidamente as transformam em fenómenos.
Há gafes que mudam a ideia principal da lei. Há gafes que mudam a identidade da obra. Há gafes financeiras. Há gafes que mudam o rumo da notícia. Quais são os casos, onde uma gafe (em público) pode compensar?
Prontos, há-des pensar que só escrevi isto porque me apeteceu, mas escrevi isto, porque ambas as primeiras palavras, “prontos” e “há-des”, imagino que tenhas reparado, estão mal escritas (respeitosamente, no correcto português, pronto e hás-de), e ambas pertencem a uma lista infindável das gaffes tipicamente portuguesas. Espero que não tenha cometido outras gafes.
Fica atento, uma gafe será sempre apenas um momento, depois passa...