É quase isso: um "swap" de morango, por favor

Os “swap” têm aquele “efeito roleta” do casino. Mas sem a emoção, as miúdas giras, os copos e a animação. Algo como um Governo sem Paulo Portas: previsível, enfadonho

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@Doug88888/Flickr

No final deste texto, existem cláusulas importantes*. Solicito ao(à) leitor(a) que assine, enquanto não as lê. Só pelo gosto do risco.

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As ditas cláusulas estão em letras pequenas que sofrem do “síndrome Marques Mendes”: como pode algo tão pequeno conter tanta informação?

 

Hoje, somos todos, um bocadinho, especialistas em economia. E, um bocadinho, especialistas em futebol. Da minha parte, acrescento política internacional: vejo o Nuno Rogeiro muitas vezes. A maior parte das vezes, é por causa do penteado, ou dos fatos beges, porque admiro a coragem de quem se veste assim. Não tenho cabelo mas, se tivesse, talvez comprasse um daqueles, tipo “Playmobil”. Para além de aprender sobre penteados, fatos e política internacional, também fico a conhecer música do Sri Lanka ou da Gronelândia. Cultivem-se, meus amigos. Ou ficarão como um dirigente desportivo.

 

Repito: hoje, somos todos, um bocadinho, especialistas em economia. E sabemos de “swaps”. Até aqui, só conhecia “SWAT”, que são, nos filmes americanos, aqueles polícias que ficam a meio caminho entre um ninja (sem as artes marciais) e o Robocop (sem serem robôs); que aparecem quando é preciso entram em locais onde há muitos bandidos (não estou a falar do conselho de administração de nenhum banco) e onde o perigo espreita a cada passo (não estou a falar dos túneis dos estádios de futebol).

 

Pelo que já pude perceber, um “swap” é um contrato que, quando se assina, se tem em conta vários cenários e que, caso se confirme o pior, os danos são devastadores. Tal como com os jogadores de futebol que assinam contratos milionários para jogar na Micronésia e que, depois desse momento de euforia, jogam em estádios sem iluminação e água quente no balneário. E não o podem partilhar no Facebook, porque não há internet. Ou luz eléctrica. Ou porque foram raptados por uma claque violenta.

 

Ou porque tudo não passou de um pesadelo. 

 

Os “swap” também têm aquele “efeito roleta” do casino. Mas sem a emoção, as miúdas giras, os copos e a animação. Algo como um Governo sem Paulo Portas: previsível, enfadonho.

 

Quem assina estes contratos gosta de brincar ao futuro. São criados cenários, alguns, credíveis, outros, mirabolantes. No fundo, é uma actividade como o tarot, as previsões com base em búzios ou em borras de café, ou do programa do Marcelo Rebelo de Sousa. Mas sem uma pilha de livros, no fim. O único livro que é necessário é o de cheques.

 

Dizem que um “swap” pode acarretar importantes ganhos financeiros. Assim por alto, lembro-me de outras coisas que davam uns trocos valentes: venda de escravos, tráfico de droga, crime organizado, em geral. Este último tem uma vantagem: com excepção dos filmes em que entra o Batman ou uma equipa “SWAT”, resulta sempre.

 

Concluindo, acho que não devemos abandonar a tradição dos “swap”. O que será da nossa vida, se a incerteza não custar muito dinheiro? A grande diferença entre os “swaps” e ser português é que, nos contratos, ainda acreditamos que algo de bom vai acontecer.

 

*Se o(a) leitor(a) gostou deste texto, ficamos todos contentes. Se não, ficamos todos tristes. Se ficamos todos tristes, estamos a dever uns milhões largos a alguém. Só para avisar. Se o leitor está a ler as cláusulas, antes de ler o texto, então devia ter vergonha. O bom senso está fora de moda.

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